Apostila - Filosofia - E.J.A
Introdução a Filosofia
1. Conceito de filosofia
Entre os antigos gregos
predominava inicialmente a consciência mítica, cuja maior expressão se encontra
nos poemas de Homero e Hesíodo.
Quando se dá a passagem
da consciência mítica para a racional, aparecem os primeiros sábios, sophos,
como se diz em grego.
Um deles, chamado
Pitágoras, que também era matemático, usou pela primeira vez a palavra
filosofia, que significa "Amor à sabedoria". É bom observar que a
própria etimologia mostra que a filosofia não é puro logos, pura razão:
ela é a procura amorosa da verdade.
Para Platão, a primeira
virtude do filósofo é admirar-se. A admiração é a condição de onde
deriva a capacidade de problematizar, que marca filosofia não como posse da
verdade, mas como sua busca.
Para Kant, filósofo
alemão, "Não há filosofia que se possa aprender; só se pode aprender a
filosofar". Isto significa que a filosofia é, sobretudo uma atitude,
um pensar permanente. É um conhecimento instituinte, no sentido de que
questiona o saber e instituído.
Podemos definir filosofia como o
estudo geral sobre a natureza de todas as coisas e suas relações entre si; os
valores, o sentido, os fatos e princípios gerais da existência, bem como a
conduta e destino do homem.
2. A filosofia e a ciência
No seu começo, a ciência
estava ligada à filosofia, sendo o filósofo o sábio que refletia sobre todos
setores da indagação humana. Neste sentido, os filósofos Tales e Pitágoras eram
também geômetras, e Aristóteles escreveu sobre física e astronomia.
A partir do século 17, a
revolução iniciada por Galileu Galilei promove a autonomia da ciência e seu
desligamento da filosofia.
Pouco a pouco, até o
século 20, aparecem as chamadas ciências particulares (física,
astronomia, química, biologia, etc) delimitando um campo específico de
pesquisa.
Ora, a filosofia continua
tratando da mesma realidade apropriada pelas ciências. Apenas que as ciências
se especializam e observam recortes do real, enquanto a filosofia jamais
renuncia a considerar o seu objeto do ponto de vista da totalidade.
A filosofia ainda se
diferencia da ciência pelo modo como trata seu objeto: a filosofia está
presente como reflexão crítica a respeito dos fundamentos do conhecimento e do
agir. Portanto, a filosofia não faz juízos de realidade, como a ciência, mas
juízos de valor. O filósofo parte da experiência vivida, não se vê apenas como
se é, mas como se deveria ser.
3. Cultura e humanização
As diferenças entre o
homem e o animal não são apenas de grau, pois, enquanto o animal permanece
mergulhado natureza, o homem é capaz de transformá-la, tornando possível à
cultura.
A palavra cultura possui
vários significados, tais como o de cultura da terra ou cultura de um homem
letrado. No sentido que nos interessa cultura significa tudo o que o homem produz
ao construir sua existência.
A palavra cultura deriva
do verbo latino “colere”, que significa "Cultivar". Foi
empregada inicialmente no final do século 11, para indicar o cuidado dos homens
com os deuses (culto), bem como o cuidado dos homens com a natureza
(agricultura). Assim, além do culto religioso, cultura designa o trabalho da
terra para se produzir bens comestíveis.
A cultura é, portanto um
processo de autoliberação progressiva do homem, o que o caracteriza como um ser
de mutação, um ser de projeto, que se faz à medida que ultrapassa a própria
experiência.
Seria pouco concluir que
a diferença entre o homem e o animal estaria no fato de o homem ser um animal
que pensa e fala, o homem é um ser que trabalha e produz o mundo e a si mesmo.
4. Cultura e linguagem
O homem é um ser que
fala. A palavra se encontra no limiar do universo humano, pois caracteriza
fundamentalmente o homem e o distingue do animal.
A diferença entre a
linguagem humana e a do animal está no fato de que este não conhece o
símbolo, mas somente o índice. O índice está relacionado de forma fixa e
única com uma coisa que se refere. Por exemplo, as frases com que adestramos o
cachorro devem ser sempre as mesmas, pois são índices, isto é, indicam alguma
coisa muito específica.
Assim, a linguagem animal
visa à adaptação a situação concreta, enquanto a linguagem humana intervém como
uma forma abstrata que distancia o homem da experiência vivida, tornando o
capaz de reorganizar numa outra totalidade e lhe dar novo sentido.
É por isso que podemos
dizer que, mesmo quando o animal consegue resolver problemas, sua inteligência
é ainda concreta. Já o homem, pelo poder do símbolo, tem uma inteligência
abstrata.
Portanto, se não tem
oportunidade de desenvolver e enriquecer a linguagem, o homem torna-se incapaz
de compreender e agir sobre o mundo que o cerca.
5. Cultura e trabalho
É na juventude que o ser
humano se dá conta de que o mundo não é um parque de diversões, e a primeira
sensação é aquela que as faz perceber o trabalho como um fardo e um peso. É
curioso notar que a palavra trabalho vem do latim trippalium que
significa "Um instrumento de tortura".
O trabalho possui também
o seu lado positivo, pois é resultado da curiosidade e capacidade de modificar
a natureza, do ser humano. É a resposta aos desafios na luta pela
sobrevivência. Ao mesmo tempo, que o trabalho, adapta a natureza e as
necessidades humanas, altera o próprio ser humano, desenvolvendo suas
faculdades.
Enquanto o animal
permanece sempre o mesmo na sua essência, já que repete os gestos comuns à
espécie, o ser humano muda as maneiras pelas quais age sobre o mundo,
estabelecendo relações também mutáveis, que por sua vez alteram sua maneira de
perceber, de pensar e de sentir.
Por ser uma atividade
relacional, o trabalho, além de desenvolver habilidades, permite que a
convivência não só facilite a aprendizagem, mas também enriqueça a afetividade
resultante do relacionamento humano. O trabalho é condição de transcendência e,
portanto, é expressão da liberdade.
6. Trabalho e a alienação
O filósofo alemão Karl
Marx viveu no período em que a exploração capitalista (ricos) sobre o
proletariado (pobres) era muito explícita, e por isso achava que chegaria num
momento, devido ao crescente empobrecimento, ocorreria uma revolução.
Por alienação, Karl Marx,
entendia a situação dos operários que não sabiam que estavam sendo explorados.
Segundo ele, para que eles continuassem nesse estado os burgueses (ricos) se
utilizavam da ideologia.
A ideologia pode ser
definida como a falsa consciência das relações de domínio entre as classes, se
trata de uma falsa crença política.
É interessante observar
que a ideologia não é concebida como uma mentira que os indivíduos da classe
dominante inventam para a classe dominada. Também eles sofrem a influência da
ideologia, o que lhes permite exercer sua dominação como se fosse algo natural.
Ainda hoje, sofremos
influências da ideologia, mas de forma disfarçada, através da televisão, do
rádio e dos diversos meios de comunicação. Isto atrapalha o pensar coerente, e
nos prende a uma visão imposta pela sociedade.
7. A questão da verdade
Comecemos distinguindo
verdade e realidade. Na linguagem cotidiana, confundimos estes conceitos. Se
nos referimos a um colar, a um quadro, a um dente, só podemos afirmar que são
reais e não verdadeiros ou falsos.
Para o filósofo
Descartes, o critério da verdade é a evidência. Evidente é toda idéia clara e
distinta, que se impõe imediatamente e por si só ao espírito. Trata-se de uma
evidência resultante da intuição intelectual.
Para Nietzsche é
verdadeiro tudo o que contribui para fomentar a vida da espécie e falso tudo o
que é um obstáculo ao seu desenvolvimento.
A verdade pode ainda ser
entendida como resultado do consenso, enquanto conjunto de crenças aceitas
pelos indivíduos em um determinado tempo e lugar e que os ajuda a compreender o
real e agir sobre ele.
É difícil e complexa a
discussão a respeito dos critérios da verdade, mesmo porque são diferentes as
posturas que temos diante do real quando dispomos a compreendê-lo.
O importante é
entendermos que ninguém possui a verdade absoluta, pois tudo depende do ponto
de vista que se tome. Como dizia Saint-Éxupery "A verdade para o homem é o
que faz dele um homem".
8. Dogmatismo e ceticismo
É possível conhecer a
verdade? Para tal pergunta, há duas respostas radicais: o ceticismo, que afirma
a impossibilidade o de se conhecer a verdade, e o dogmatismo, que diz o
contrário.
Podemos definir ceticismo
com a doutrina segundo a qual o espírito humano não pode conhecer com certeza;
e conclui pela suspensão do juízo e pela dúvida permanente.
Para os céticos, o
conhecimento verdadeiro, certo e definitivo sobre algo pode ser buscado. No
entanto, jamais será atingido.
Podemos definir como
dogmatismo toda atitude de conhecimento que consiste em acreditar estar de
posse da certeza o da verdade antes de fazer a crítica da faculdade de
conhecer.
Contrariamente ao
ceticismo, o dogmatismo defende a existência de verdades absolutas e
indiscutíveis. Dessa forma, a adesão incondicional a princípios tidos como um
irrefutáveis, bem como a imposição de doutrinas não comprovadas de modo algum,
são traços característicos aqueles que aderem ao dogmatismo.
O ceticismo e o
dogmatismo, embora sejam posturas antagônicas, compartilham uma visão
imobilista do mundo: ou dogmatismo atingiu uma certeza e nela permanece, o
ceticismo anseia pela certeza e decide que ela é inalcançável.
9. Consciência Mítica
Mito, do grego mythos,
significa, etimologicamente, fábula. É uma narrativa na qual a palavra é usada
para transmitir e comunicar coletivamente a tradição oral, preservando a sua
memória e garantindo a continuidade da cultura. Os mitos exprimem pelas
palavras a existência humana no mundo, tornando a concreta.
Os mitos expressam a
capacidade inicial do homem de compreender o mundo. Surgem como modelos
explicativos para satisfazer a curiosidade e as exigências da mente primitiva,
embora desprovidos de conteúdo passível de convencer a razão humana.
Temos inicialmente a
impressão de que os mitos não passam de lendas e tem pouco a ver com existência
real e vivida de cada ser humano. Na verdade, essa é uma falsa idéia acerca dos
mitos. A consciência mítica, bem como consciência filosófica, é a maneira que o
ser humano encontrou para organizar um conhecimento sobre a realidade.
Os relatos míticos,
apoiados em uma lógica sensível, explicam a realidade concreta, conferindo
significados há um mundo aparentemente caótico e desorganizado.
10. Características da Filosofia Nascente
As explicações oferecidas
pelo mito e pela religião tem a força do sagrado. A voz do mito e da religião é
a voz dos deuses e com os deuses não se discute. Assim, para muitos pessoas
acostumadas a aceitar tudo sem discussão, a compreensão do homem e do mundo era
garantida pelo mito e pelas crenças religiosas, como se tudo fosse parte de uma
ordem natural irreversível das coisas.
No entanto, para os
gregos, povo particularmente intrigado por natureza, os mitos e as crenças
religiosas e pouco a pouco perderam força que tinham como elementos
explicativos para as dúvidas que os assaltavam.
É nesse contexto que
surge a filosofia como uma tentativa de compreender e explicar o sentido último
das coisas, a partir delas mesmas, tendo como conseqüência o abandono da
inteligibilidade fornecida por entidades sobrenaturais, mágicas e míticas.
É importante ressaltar
que a consciência filosófica não surge ao acaso. O ser humano, na busca
incessante de compreensão da realidade que o cerca, do contexto em que vive,
insatisfeito com as explicações míticas, movido pela admiração elabora racional
e logicamente os conhecimentos adquiridos pelo mito e pela religião e ao longo
do tempo aborda e investiga o mundo e os seres vivos que nele existe:eis a
filosofia.
Mitologia Grega
11. Origem da Mitologia Grega
As lendas que contam as
aventuras dos deuses e heróis são chamadas mito, o conjunto dos mitos forma a
Mitologia.
A mitologia
teve sua origem na Grécia com a mistura de deuses e crenças de vários povos e
de várias origens durante os séculos de formação das suas Cidades-Estados.
Outra característica da religião grega é o antropomorfismo, isto é, os deuses
tinham forma, virtudes e defeitos humanos.
Com a invasão
da Grécia pelos macedônicos e após pelos romanos, estes assimilaram as
divindades gregas que foram rebatizadas com nomes em latim (latinos).
O culto aos
deuses mitológicos Greco-Romanos só teve fim no governo do imperador romano
Teodósio no ano de 391d.C., com a proibição dos cultos pagãos e a instituição
do Cristianismo como religião oficial do Império Romano.
A mitologia grega
possui uma hierarquia de: Deuses, semideuses, monstros e heróis. Os gregos
acreditavam em destino e os primeiros deuses foram chamados de Titãs, os deuses
que conhecemos hoje, são os Olímpicos, posteriores a estes.
12. O Alfabeto Grego
NOME
|
MAIÚSCULO
|
MINÚSCULO
|
TRANSCRIÇÃO
|
Alfa
|
Α
|
α
|
a
|
Beta
|
Β
|
β
|
b
|
Gama
|
Γ
|
γ
|
g
|
Delta
|
Δ
|
δ
|
d
|
Épsilon
|
Ε
|
ε
|
e
|
Zeta
|
Ζ
|
ζ
|
z
|
Eta
|
Η
|
η
|
e
|
Teta
(Theta)
|
Θ
|
θ
|
th, t
|
Iota
|
Ι
|
ι
|
i
|
Capa
(Kappa)
|
Κ
|
κ
|
k, c,
qu
|
Lamda
|
Λ
|
λ
|
l
|
Mü
|
Μ
|
μ
|
m
|
Nü
|
Ν
|
ν
|
n
|
Csi (Xi)
|
Ξ
|
ξ
|
x
|
Ômicron
|
Ο
|
ο
|
o
|
Pi
|
Π
|
π
|
p
|
Ro
(Rho)
|
Ρ
|
ρ
|
rh, r
|
Sigma
|
Σ
|
σ
|
s
|
Tau
|
Τ
|
τ
|
t
|
Úpsilon
|
Υ
|
υ
|
y
|
Beta
|
Β
|
β
|
b
|
Fi (Phi)
|
Φ
|
φ
|
ph (f)
|
Qui
(Chi)
|
Χ
|
χ
|
ch,
c, qu
|
Psi
|
Ψ
|
ψ
|
ps
|
Ômega
|
Ω
|
ω
|
o
|
13.
Os Titãs
Os filhos de
Urano e Geia, o Céu e a Terra, e alguns dos filhos dos doze. Freqüentemente
chamados de deuses mais velhos, eles foram por muitas eras os regentes supremos
do universo, tendo um tamanho enorme e sendo incrivelmente fortes.
Cronos, o mais
importante dos Titãs, governou o universo até que foi destronado por seu filho
Zeus, que tomou o poder para si. Os outros importantes Titãs eram Oceano, o rio
que fluiu ao redor da terra; Tétis, sua esposa; Mnemósina, deusa da memória;
Têmis, deusa da justiça divina; Híperon, pai do sol, da lua e da alvorada;
Japeto, pai de Prometeu, que criou os mortais; e Atlas, que carregava o mundo
em seus ombros.
De todos os
Titãs só Prometeu e Oceano uniram-se a Zeus contra Cronos. Como resultado, eles
foram honrados e os outros foram banidos para o Tártaro.
Estes deuses
eram em sua maioria forças da Natureza, e eram selvagens, por isso não
conviviam com os seres humanos. O primeiro deus que governou foi Urano depois
Caos, posteriormente, Cronos, que foi o último dos Titãs, a partir daí os
deuses passaram a viver no Monte Olímpo, convivendo com os seres humanos.
14. Os deuses Olímpicos
No Olímpo, os
deuses formavam uma sociedade que era classificada quanto à autoridade e
poder. Céu ou paraíso, o mar e a terra.
Os doze deuses chefes, usualmente chamados de
olimpianos eram Zeus, Hera, Hefestos, Atena, Apolo, Ártemis, Ares, Afrodite,
Héstia, Hermes, Deméter e Posêidon. Zeus era o chefe dos deuses, e o pai
espiritual dos deuses e das pessoas. Hera, sua esposa, era a rainha do paraíso
e a guardiã do casamento. Outros deuses eram associados ao paraíso, como
Hefestos, deus do fogo e das artes manuais; Atena, deusa da sabedoria e da
guerra; Apolo, deus da luz, da poesia e da música; Ártemis, deusa da caça;
Ares, deus da guerra; Afrodite, deusa do amor; Héstia, deusa do coração e da
chama sagrada; Hermes, mensageiro dos deuses e senhor das ciências e das
invenções.
Posêidon era o senhor do mar que, junto com
sua esposa Anfitrite, originou um grupo de deuses do mar menos importantes,
como as nereidas e Tritão. Deméter, a deusa da agricultura, era associada com a
terra. Hades, um deus importante, mas que geralmente não era considerado um
olimpiano, governava o mundo subterrâneo, onde ele vivia com sua esposa
Perséfone. O mundo subterrâneo era um lugar escuro e triste, localizado no
centro da terra.
15. Heróis da Mitologia
Os heróis eram
deuses, semideuses ou mortais que se destacaram pela grandiosidade de seus
feitos fossem eles heróicos ou trágicos. Eis aqui uns dos principais:
Perseu: Seu grande feito foi matar a
medusa, utilizando as sandálias de Hermes e o escudo de Atenas.
Hércules: Filho de Zeus e Alcmena era
conhecido por sua enorme força e por realizar os 12 trabalhos.
Atalanta: Conhecida por ter matado um
Javali gigante que ameaçava o príncipe Iásos, foi transformada em um leão por
Zeus.
Aquiles: Filho de Zeus com uma mortal foi
um grande guerreiro, sendo invulnerável, exceto pelo calcanhar foi morto com
uma flechada neste.
Paris: Seqüestrador de Helena seu
destino, segundo o oráculo, era acabar com Tróia pelo fogo.
Teseu: filho do Rei Ageu matou o
minotauro e fugiu com a princesa de Tróia.
Jasão: Criado pelo centauro Quiron,
pegou o velocino de ouro.
16. Animais e Monstros
Os monstros geralmente existiam por três
motivos:
Guardião:
criado para guardar algo.
Castigo:
alguma ofensa feita há um deus era castigada com a transformação em monstro.
Junção:
Às vezes a junção de uma deusa com um deus, ou de um deus com uma mortal,
resultava num monstro.
Os Principais
monstros eram:
Centauros: animal fabuloso, metade
homem e metade cavalo.
Ciclopes: Gigantes monstruosos, de
força descomunal, que possuíam apenas um olho no meio da testa. Medusa: era uma das três Górgonas,
Tinham serpentes em vez de cabelos, presas pontiagudas, mãos de bronze e asas
de ouro e petrificavam quem as olhasse.
Minotauro: ser monstruoso com corpo de
homem e cabeça de touro, filho da rainha de Creta e de Posêidon.
Pégaso: segundo a mitologia grega,
nasceu do sangue da Medusa, após ser esta decapitada por Perseu. Era um cavalo
alado.
Cérbero: Um cachorro com três cabeças e
cauda de dragão que vigiava a entrada do Hades.
Hidra: Monstro de nove cabeças que
vivia num pântano próximo a Lerna, na Grécia.
17. Lugares da mitologia
São três, os
principais lugares da mitologia, habitados pelos deuses, com seus respectivos
deuses: Olímpio, Oceano e Hades.
Olímpo: O palácio misterioso do senhor
soberano, pai dos deuses e dos homens, Zeus.
Da sua morada
no cimo do monte Olímpio, observava os mortais, com sua mulher Hera, e seus
filhos, se alimentando de Néctar e Manjar.
Oceano: Seu rei era Posêidon, fé sua
mulher é Anfitrite uma ninfa. Tritão era seu filho, um semideus marinho, a
parte superior de seu corpo até os rins era o de um homem, a parte inferior era
de um peixe de longa cauda; parecidas com ele haviam as nereidas, metade peixe
e metade mulher.
Hades: É o lugar subterrâneo onde
descem as almas depois da morte, seus principais habitantes, são:
Hades: Irmão de Zeus e Posêidon
comandava o mundo inferior.
Perséfone: Filha de Zeus se perdeu no
mundo inferior, tornando-se mulher de Hades.
Caronte: O barqueiro responsável, por
levar as almas dos mortos.
Hipnós: Deus do sono.
Eros: Deus do Amor físico
18. Os 12 Trabalhos de Hércules
(1)
estrangulou um leão, de pele invulnerável, que aterrorizava o vale de Neméia;
(2) matou a
hidra de Lerna, monstro de muitas cabeças;
(3) capturou
viva a corça de Cerinéia, de chifres de ouro e pés de bronze;
(4) capturou
vivo o javali de Erimanto;
(5) limpou os
estábulos de três mil bois do rei Augias, da Elida, não cuidados durante trinta
anos;
(6) matou com
flechas envenenadas as aves antropófagas dos pântanos da Estinfália;
(7) capturou
vivo o touro de Creta, que lançava chamas pelas narinas;
(8) capturou
as éguas antropófagas de Diomedes;
(9) levou para
Edmeta, filha de Euristeu, o cinturão de Hipólita, rainha das guerreiras
amazonas;
(10) levou
para o rei de Mecenas o imenso rebanho de bois vermelhos de Gerião;
(11) recuperou
as três maçãs de ouro do jardim das Hespérides, por intermédio de Atlas, que
sustentava o céu sobre os ombros e executou por ele esse trabalho, enquanto
Hércules o substituía.
(12)
apoderou-se do cão Cérbero, guardião das portas do inferno, de três cabeças,
cauda de dragão e pescoço de serpente. Hércules realizou outros atos de bravura
e participou da viagem dos argonautas em busca do velocino de ouro.
19. Objetos Sagrados
Os objetos
sagrados dos gregos eram geralmente colocados no altar do templo do deus a quem
pertencia, eis alguns:
Arco e Flecha de Apolo e Ártemis:
Simboliza o masculino ou Animus e o feminino ou Anima, ou seja, as partes
ativas e receptivas da personalidade.
Caduceu de Hermes: Objeto ligado à cura
e à medicina, sendo que primeiramente pertenceu a Apolo.
Foicinho das Amazonas: O foicinho vem a
ser uma foice pequena; é um símbolo da Lua Crescente, associado a Cronos.
Lança de Athena: Athena é uma Deusa
guerreira, e sua lança simboliza o triunfo do feminino, a libertação das
energias femininas que se encontram subjugadas à dominação masculina agressiva
de Ares, seu irmão e Deus da guerra.
Tridente de Posêidon: Símbolo das
Divindades do mar, originariamente representava os dentes dos monstros
marinhos.
Tirso de Dioniso: Este instrumento é um
bastão de madeira, ornado por finos galhos de hera e videira, com uma pinha
pequena em sua extremidade superior.
Cornucópia: Sendo um chifre de touro,
vaca ou cabra, conhecida como Chifre da Fartura, que continha uma infinita
provisão de alimentos.
20. O Mito Hoje
O homem
moderno, tanto quanto o antigo, não é só razão, mas também afetividade e
emoção. Hoje em dia, os meios de comunicação de massa trabalham em cima dos
desejos e anseios que existem na nossa natureza inconsciente e primitiva.
O mito recuperado do cotidiano do homem
contemporâneo, não se apresenta com a abrangência que se fazia sentir no homem
primitivo. Os mitos modernos não abrangem mais a totalidade do real como
ocorria nos mitos gregos, romanos ou indígenas. Podemos escolher um mito da
sensualidade, outro da maternidade, sem que tenham de ser coerentes entre si.
Os super-heróis dos desenhos animados e dos quadrinhos, bem como os personagens
de filmes (Rambo e outros), passam a encarnar o Bem e a Justiça, assumindo a
nossa proteção imaginária.
A própria
ciência pode virar um mito, quando somos levados a acreditar que ela é feita à
margem da sociedade e de seus interesses, que mantém total objetividade e que é
neutra. A nossa forma de compreensão do mundo desacraliza o pensamento e a ação
(isto é, retira dele o caráter de sobrenaturalidade), fazendo surgir à
filosofia, a ciência e a religião.
Filosofia Grega
21. O Surgimento da Filosofia Grega
Os historiadores
dizem que a filosofia possui data e local de nascimento: final do século VI
antes de Cristo, na cidade de Mileto. E o primeiro filósofo foi Tales de
Mileto.
A
filosofia se inicia como uma cosmologia. A palavra cosmologia é composta de
duas outras: cosmos, que significa mundo ordenado e organizado e logia,
que vem da palavra logos, que significa pensamento racional, o discurso
racional, conhecimento.
Assim,
filosofia nasce como conhecimento racional da ordem do mundo ou da natureza,
donde cosmologia.
A
filosofia nasceu realizando uma transformação gradual sobre os mitos gregos,
fazendo uma ruptura com os mitos. Os principais motivos dessa ruptura foram:
As
viagens marítimas: que permitiram que os gregos descobrissem que os locais que
os mitos diziam habitados por deuses, eram na verdade habitados por outros
seres humanos.
Invenção
da escrita: os mitos não eram mais necessários e para que a história fosse
passada de geração a geração.
Invenção
da política: o destino agora esta nas mãos dos homens e não mais na mão dos
deuses.
Os
primeiro os filósofos ficarão conhecidos como pré-socráticos, devido ao
surgimento posterior do mais famoso filósofo grego Sócrates.
22. Períodos da Filosofia
Os principais períodos da filosofia no
decorrer da história foram:
Filosofia Pré-Socrática: Pré-socráticos
são os filósofos anteriores a Sócrates que viveram na Grécia por volta do
século VI a.C., considerados os criadores da filosofia ocidental.
Filosofia Clássica: De 470 a.C. a 320
a.C., a filosofia da Grécia antiga teve nos sofistas e em Sócrates seus
principais expoentes. Eles se distinguem pelo desejo de guiar a vida de acordo
com a sabedoria.
Filosofia Pós-Socrática: De 320 a.C.
até o início da Era Cristã, as correntes filosóficas do ceticismo, epicurismo e
estoicismo traduzem a decadência política e militar da Grécia.
Filosofia Medieval: Ao retomar o
platonismo, o teólogo romano Santo Agostinho identifica o mundo das idéias com
o mundo das idéias divinas.
Filosofia Moderna: Em contraste à
filosofia medieval, dogmática e submissa à Igreja, a filosofia moderna é
profana e crítica.
Filosofia Contemporânea: Marcada por
várias linhas de pensamento, a mais conhecida é o existencialismo.
23. Pré-socráticos
Primeiros
filósofos gregos, eles recebem essa denominação por ter vivido antes de
Sócrates, que desloca o foco da reflexão filosófica da natureza para o homem e
o mundo das idéias. A característica comum aos pré-socráticos é a preocupação
com o mundo natural (physis, em grego).
Tales de
Mileto, Anaximandro (611 a.C? -547 a.C.) e Anaxímenes (570 a.C? -500 a.C.),
estão entre os primeiros pré-socráticos. Para Tales, a água é a origem de todas
as coisas. Anaximandro acha que a substância primeira é o Apeíron ou a matéria
ilimitada, da qual provêm todos os seres finitos e limitados. Já Anaxímenes
acredita que é do ar que derivam todas as coisas.
Empédocles
(493 a.C? -430 a.C?) nomeia como substâncias fundamentais os quatro elementos:
a terra, a água, o ar e o fogo. No lugar dos quatro elementos, Demócrito, outro
pré-socrático, acredita que a realidade é composta de átomos e do vazio. O
eterno movimento entre eles e suas diferentes combinações explicam a formação
dos diversos mundos.
Ao apontar
como verdadeira substância do mundo algo imaterial, como a alma imortal e as
essências eternas, que constituem o mundo da harmonia e dos números, Pitágoras
(582 a.C? -500 a.C?) encerra essa fase, tornando-se o primeiro pensador do
século VI a antecipar o mundo platônico das idéias.
24. Heráclito e Parmênides
Destacamos
aqui, dois das principais pré-socráticos: Heráclito e Parmênides. Esses dois
filósofos e possuem um pensamento profundo e contrário o entre si.
Heráclito
(544-484 a. C) nasceu em Éfeso. Para ele todas as coisas mudam sem cessar, e o
que temos diante de nós em dado momento é diferente do que foi a pouco e do que
será depois: "Nunca se mergulha duas vezes no mesmo rio", pois a
segunda vez não somos os mesmos, e também o Rio mudou.
Portanto
não há ser estático, este dinamismo pode ser representado pelo fogo, forma visível
e da instabilidade, símbolo da eterna a agitação do devir, "O fogo eterno
e vivo, que ora se acende e ora se apaga".
Parmênides
(540-470) viveu em Eléia, no seu pensamento critica a posição de Heráclito,
para ele, é absurdo e impensável considerar que uma coisa pode ser e não ser ao
mesmo tempo, isto se opõe o ao princípio da identidade.
Para
Parmênides, o ser é único, imutável, infinito e imóvel. O movimento existe
apenas no mundo sensível e a percepção levada a efeito pelos sentidos é
ilusória.
25. O Pensamento de Sócrates
Filósofo grego
(470 a.C? -399 a.C.), considerado um dos fundadores da filosofia ocidental.
Nasce em Atenas e inicia os estudos sobre a natureza da alma humana e a busca
do conhecimento influenciado por Anaxágoras. Tido em sua época como o mais
sábio dos homens, julga-se imbuído da missão divina de converter os cidadãos de
Atenas à sabedoria e à virtude.
Seu método se
divide em duas partes. Pela ironia (do grego eironéia, perguntar) ele força seu
interlocutor a reconhecer que ignora o que pensava saber. Descoberta a
ignorância, tenta extrair do interlocutor a verdade contida em sua consciência
(método denominado maiêutica).
Seu pensamento
só pode ser conhecido por meio das obras de Platão, já que não deixou nada
escrito. Sócrates questiona as tradições gregas, entre elas costumes dos
cidadãos e suas crenças, inclusive nos deuses. A inteligência para pensar e o
talento para a oratória o tornam popular entre os jovens atenienses, o que
desperta a atenção dos cidadãos poderosos e conservadores da cidade.
Denunciado
como subversivo por não acreditar nos deuses gregos, por introduzir novos
deuses e por corromper a juventude, é condenado a suicidar-se com cicuta,
sentença cumprida em Atenas.
26. O Pensamento de Platão
Seu nome
verdadeiro era Arístocles, o apelido de “Platão” (costas largas) recebeu por
ser um atleta. Após a morte de Sócrates, em 399 a.C., deixa Atenas e viaja por
vários anos, até fixar-se no Egito. De volta a Atenas, funda em 387 a primeira
escola de filosofia de que se tem notícia, a Academia, em que trata de
recuperar a filosofia de Sócrates.
Platão afirma
que as idéias são o próprio objeto do conhecimento intelectual, a realidade
metafísica. Para melhor expor sua teoria, utiliza-se de uma alegoria, o mito da
caverna, no qual a caverna simboliza o mundo sensível, a prisão, os juízos de
valor em que só se percebem as sombras das coisas.
O exterior é o
mundo das idéias, do conhecimento racional ou científico. Feito de corpo e
alma, o homem pertenceria simultaneamente a esses dois mundos. A tarefa da
filosofia seria libertar o homem da caverna, do mundo das aparências para o
mundo real, das essências.
No campo
político escreveu seu livro, “A república”, onde fala do tipo de cidade
perfeita para ele, e divide as pessoas por categoria de alma: barro, bronze,
prata e ouro.
27. Pensamento de Aristóteles
Aristóteles (384 a.C. -322 a.C.),
aperfeiçoa e sistematiza as descobertas de Platão e Sócrates. Desenvolve a
lógica dedutiva clássica, que postula o encadeamento das proposições e das
ligações dos conceitos mais gerais para os menos gerais.
Vai para Atenas com 17 anos e lá
se torna discípulo de Platão até os 37. Após a morte de Platão, fica três anos
em Assos, na Ásia Menor, antes de se mudar para a ilha de Lesbos.
A lógica, segundo ele, é um
instrumento para atingir o conhecimento científico, ou seja, aquilo que é
metódico e sistemático. Ao contrário de Platão, afirma que a idéia não possui
uma existência separada - ela só existe no ser real e concreto.
Para
Aristóteles, o caminho certo sempre se encontra no meio termo, existem também
três tipos de almas, mas todas fazem parte do corpo e morrem com ele:
Vegetativa: Dos vegetais. Permite-lhes
crescer.
Sensitiva: Dos animais. Permite-lhes
que sintam.
Intelectiva: Do ser humano. Permite-lhes
pensar.
Ele abrange
várias áreas do conhecimento, como lógica, ética, política, teologia,
metafísica, poética, retórica, antropologia, psicologia, física e biologia,
sendo criador de algumas destas palavras.
28. Epicurismo e Estoicismo
Epicuro e seus
seguidores, os epicuristas viam no prazer, obtido pela prática da virtude, o
bem. O prazer consiste no não-sofrimento do corpo e na não-perturbação da alma.
Os estóicos, como Sêneca e Marco Aurélio, pregam que o homem deve permanecer
indiferente a circunstâncias exteriores, como dor, prazer e emoção. Procuram
submeter sua conduta à razão, mesmo que isso traga dor e sofrimento, e não
prazer.
Epicuro (341 a.C. -270 a.C.)
era filho de pais atenienses, nasce na ilha de Samos e se interessa por filosofia
ainda na adolescência. Por causa de seu pensamento, muito prático, acaba se
opondo ao pensamento platônico e aristotélico. O epicurismo é mal interpretado
pelos adversários, para os quais o filósofo prega a exaltação do corpo e o
desestímulo ao espírito e à cultura.
Zenão de Sitio, nasceu em
355 d.C, e foi criador do estoicismo, para ele o homem é feliz quando aceita
seu destino com imperturbabilidade e resignação. O universo é um todo ordenado
e harmonioso, onde os sucessos resultam do cumprimento da lei racional, natural
e perfeita. Seguir a lei é para ele, a principal virtude, e a arte de bem viver
consiste na aceitação da ordem universal, compreendida pela razão.
29. Neoplatonismo
O
neoplatonismo pode ser considerado como o último e supremo esforço do
pensamento clássico para resolver o problema filosófico, que tinha encontrado
um obstáculo intransponível no dualismo e racionalismo gregos - dualismo e
racionalismo que nem sequer o gênio sintético e profundo de Aristóteles
conseguiu superar.
O neoplatonismo julga poder superar o
dualismo, mediante o monismo estóico, na qual o aristotelismo fornece,
sobretudo os quadros lógicos; e julga poder superar, completar, integrar a
filosofia mediante a religião, o racionalismo grego mediante o misticismo oriental,
proporcionando o racionalismo grego especialmente a forma, e o misticismo
oriental o conteúdo.
Um dos
principais representantes deste movimento foi Plotino.
O pensamento
de Plotino é semelhante ao de Platão, pela desvalorização da sensibilidade como
aparência, opinião, com respeito ao pensamento. A sensação representa o
primeiro grau de conhecimento humano, manifestando-se nela obscuros vestígios
da verdade.
Segue-se,
superior à sensibilidade, a razão: conhecimento mediato, discursivo, dialético,
demonstrativo, que atinge as idéias, as essências das coisas. A razão é a
atividade do espírito, que conhece enquanto vem iluminado pelo pensamento
propriamente dito, o qual é superior ao espírito.
30. Filosofia Patristica
A Filosofia patristica
abrange o período que vai do, do século I ao século VII. Inicia-se com as
Epístolas de São Paulo e o Evangelho de São João e termina no século VIII,
quando teve início a Filosofia medieval.
A patristica resultou do
esforço feito pelos dois apóstolos intelectuais (Paulo e João) e pelos
primeiros Padres da Igreja para conciliar a nova religião – o Cristianismo –
com o pensamento filosófico dos gregos e romanos, pois somente com tal
conciliação seria possível convencer os pagãos da nova verdade e convertê-los a
ela. A Filosofia patristica liga-se, portanto, à tarefa religiosa da
evangelização e à defesa da religião cristã contra os ataques teóricos e morais
que recebia dos antigos.
Para impor as idéias
cristãs, os Padres da Igreja as transformaram em verdades reveladas por Deus
(através da Bíblia e dos santos) que, por serem decretos divinos, seriam
dogmas, isto é, irrefutáveis e inquestionáveis.
Com isso, surge uma
distinção, desconhecida pelos antigos, entre verdades reveladas ou da fé e
verdades da razão ou humanas, isto é, entre verdades sobrenaturais e verdades
naturais, as primeiras introduzindo a noção de conhecimento recebido por uma
graça divina, superior ao simples conhecimento racional.
Filosofia Moral
31. Ética e moral
Os conceitos de moral e
ética, embora sejam diferentes, são com freqüência usados como sinônimos.
Aliás, a etimologia dos termos é semelhante: moral vem do latim moris
que significa conjunto de regras. ética vem do grego ethos, que significa
costume.
Em sentido bem amplo, a
moral é o conjunto das regras de conduta admitidas em determinada época o por
um grupo de homens. Nesse sentido, o homem moral é aquele que age bem ou mal na
medida em que acata ou transgredir as regras do grupo.
A ética é a parte da
filosofia que se ocupa com a reflexão a respeito das noções e princípios que
fundamentam a vida moral. Essa reflexão pode seguir as mais diversas direções,
dependendo da concepção de o homem que se toma como ponto de partida.
Então, a pergunta "O
que é o bem e o mal?", responderemos de forma diferente, dependendo do
nosso ponto de partida, se partimos da religião, podemos dizer que o bem é Deus
e o mal pecado. Já para o filósofo Aristóteles o bem seria aquilo que está no
meio termo enquanto o mal o que permanece nos dois extremos.
32. A consciência moral
O comportamento moral é
consciente, livre e responsável. É também obrigatório, cria um dever. Desta
forma a obediência a regras livremente escolhidas não é prisão; ao contrário, é
liberdade.
A essa característica
humana de discernir o justo do injusto, o que deve ser preferido do que deve
ser recusado, o bem do mal, dá-se o nome de consciência moral.
Podemos definir como
consciência moral à capacidade de distinguir o bem do mal, de que resulta o
sentimento do dever ou interdição ao se praticarem determinados atos, e a
aprovação ou remorso por havê-los praticado.
A consciência moral, como
juiz interno, avalia a situação, consulta as normas estabelecidas, as
interioriza como suas ou não, toma decisões e julga seus próprios atos.
No entanto, o compromisso
não exclui a não obediência, o que determinará justamente o caráter moral ou
imoral do nosso ato. Por isso a o filósofo Gabriel Marcel disse:
"O homem livre é o
homem que pode prometer e pode atrair".
Isto implica em dois
conceitos, "Autonomia", você faz a sua própria lei;
"heteronímia”, você apenas aceita as leis já prontas.
33. O Ato Moral
Como já vimos, a criação
do mundo moral exige do homem a consciência crítica, que chamamos de
consciência moral. É a consciência que discerne o valor moral dos nossos atos.
O ato moral é, portanto
constituído de dois aspectos: o normativo e o factual.
O normativo são as
normas e regras de ação e os imperativos que enunciam o dever ser. Por exemplo,
as regras "Não minta"; "Não mate".
O factual são os
atos humanos enquanto se realizam efetivamente, seja ele moral, imoral,
não-moral ou amoral.
O ato factual será moral
ou imoral, conforme esteja de acordo não com a norma estabelecida. Por exemplo,
diante da norma "Não minta”, o ato de mentir será considerado imoral.
Considera-se amoral o ato
realizado à margem de qualquer consideração a respeito das normas. Trata-se da
redução ao factual, negando o normativo.
Convém distinguir a
postura amoral da não-moral, quando nos utilizamos os critérios de avaliação
que não são os da moral.
34. A concepção Grega de Moral
No período clássico da
filosofia grega, os sofistas rejeitam a tradição mítica ao considerar que os
princípios morais resultam de convenções humanas.
Sócrates se contrapõem
aos sofistas ao buscar aqueles princípios não nas convenções, mas na natureza
humana.
Para Platão o ato moral
se identifica com sabedoria e imoral com a ignorância: portanto, a moral pode
ser aprendida. Desta forma alcançar o bem se relaciona com a capacidade de
compreender o bem.
Aristóteles, o discípulo
de Platão, concorda com ele, mas afirma que o homem busca a felicidade, que
consiste não nos prazeres nem na riqueza, mas na vida teórica e contemplativa
cuja a plena realização coincide com o desenvolvimento da racionalidade.
Na Grécia antiga se
destacam também duas correntes de pensamento moral: o hedonismo e o estoicismo.
Para os hedonistas
(hedoné = prazer) o bem se encontra no prazer, mas o principal representante do
hedonismo, Epicuro, privilegia os prazeres espirituais, dentre os quais aqueles
referentes à amizade.
Na mesma época, o estóico
Zeno de Citio, despreza os prazeres em geral, ao considerá-los fonte de muitos
males. As teorias históricas foram bem aceitas pelo cristianismo ainda na época
do império romano, o der também fecundadas idéias a acéticas do período
medieval.
35. A moral medieval
Durante a idade média, a
visão teocêntrica (teo =Deus, Centrica = centro) do mundo fez com que os
valores religiosos impregnam as concepções éticas, de modo que os critérios do
bem e do mal se achavam vinculados à fé e dependiam da esperança da vida após a
morte.
Na perspectiva religiosa
os valores são considerados transcendentes, porque resulta da doação divina, o
que determina a identificação do homem moral com o homem temente a Deus.
A moral crista se baseia
na existência de Deus e dos homens criados a sua imagem e semelhança, cuja
conduta ética tem que se pautar pelo amor a Deus e pelo amor ao próximo.
É da idade média que
adquirimos a moral que temos hoje, como também os moralismos. Durante este
período a idéia que se tinha do homem era platônica, ou seja, “O corpo é o
cárcere da alma”, assim devemos abandoná-lo e buscar as coisas espirituais,
deste ponto de partida surgem várias concepções erradas que algumas pessoas
possuem até hoje, como: a que os prazeres do corpo são imorais, a idéia de que
a mulher é inferior aos homens e de que devemos aceitar os sofrimentos que a
vida nos oferece sem reclamar.
36. O Livre Arbítrio
O
homem tem a capacidade de discernimento, o que lhe possibilita fazer escolhas
voluntárias, autônomos e independentes de qualquer pressão interna ou externa.
O
homem tem o poder de escolher um ato ou não, independente das forças que os que
o constrange. Ser livre é decidir e agir como se quer, sem qualquer
determinação causal, quer seja exterior quer seja interior.
Tal é
o livre arbítrio, segundo a concepção de diferentes filósofos ao longo do
tempo.
Do
latim liberum arbitrium, é o poder de se determinar sem outra
regra que a própria vontade; vontade não constrangida. Refere-se o
livre-arbítrio principalmente as ações e a vontade humanas, e pretende
significar que o homem é dotado de poder de, em determinadas circunstâncias,
agir sem motivos ou sem finalidades diferentes da própria ação.
A
noção de livre-arbítrio foi objeto de debates calorosos durante parte da idade
média, especialmente ao suscitar a questão da declarada incompatibilidade entre
a onipotência divina e a liberdade humana. Um dos principais teóricos que
tratou sobre essa questão foi Santo Agostinho.
O
livre-arbítrio é em si mesmo indiferente: a possibilidade de escolha entre atos
opostos manifesta a perfeita indiferença da vontade diante de qualquer
motivação possível.
37. A ética no pensamento de Kant
Kant
nasceu na Alemanha em 1724, uma de suas obras mais famosa foi a “Crítica da
razão pratica” onde resume sua teoria sobre a moral. Ficou conhecido pelos
seus passeios pontuais em sua cidade e pela forma rigorosamente lógica de
pensar e de agir.
Desta
forma, já podemos ver que Kant rejeita as concepções morais que predominam até
então, quer seja a cristã, quer seja a grega, e que norteiam a ação moral a
partir de condicionantes como felicidade ou interesse.
O agir
moralmente funda-se exclusivamente na razão. A lei moral que a razão descobre é
universal, pois não se trata de descobertas subjetivas.
Isso
pode ser sintetizado nas seguintes afirmações do próprio Kant: "Age sempre
de tal modo que trates a humanidade, tanto na sua pessoa como a do outro, como
fim e não apenas como meio".
A
autonomia da razão para legislar supõe a liberdade e o dever, já que é assumida
pelo sujeito que livremente sem autodetermina.
O
pensamento de Kant foi importante para fornecer categorias da moral iluminista
racional, acentuando o caráter pessoal da liberdade.
38. Nietzsche é a moral dos senhores
Nietzsche
nasceu na Alemanha em 1844 o seu pensamento se orienta no sentido de recuperar
as forças inconscientes, vitais, instintivas subjugadas pela razão durante
séculos.
Nietzsche
relembra a Grécia homérica, onde eram valorizados os soldados mais fortes e os
verdadeiros valores aristocráticos.
Ao
fazer a crítica da moral tradicional, Nietzsche elabora dois tipos de moral, a
falsa "De rebanho" cujos valores seriam a bondade, a humildade, a
piedade e o amor ao próximo. Contrapunha-se a ela a moral "De
senhores", uma moral positiva que visa à conservação da vida e dos seus
instintos fundamentais.
Podemos
definir esses dois tipos de moral da seguinte forma:
Moral
dos senhores: é positiva, porque é baseada no sim a vida, configura o signo da plenitude,
do acréscimo. Por isso se funda na capacidade da criação, de invenção cujo
resultado é a alegria, conseqüência de afirmação da potência.
Moral
de rebanho: nega os valores vitais e resulta na passividade, na procura da paz
e do repouso. O homem se torna enfraquecido e diminuído em sua potência. A
alegria é transformada em ódio à vida, o ódio dos impotentes.
39. Moral e virtude
Viemos
observando a que os valores morais modificam-se no decorrer da história e tem
seu conteúdo determinado por condições históricas. Se tomarmos a "Ética
a Nicômaco”, de Aristóteles, nela encontraremos a síntese das virtudes
que constituem a “Arete” (a virtude de ou excelência ética),
perceberemos as diferenças entre ela e a nossa moral.
Aristóteles
distingue vícios e virtudes pelo critério do excesso, da falta e da moderação:
um vicio é um sentimento por alguma conduta e excessiva; e a virtude, um
sentimento ou uma conduta moderada.
Quando
examinamos as virtudes definidas pelo cristianismo, descobrimos que embora as
aristotélicas não sejam afastadas, deixam de ser as mais relevantes:
Vícios
capitais: gula, avareza, preguiça, luxúria, cólera, inveja e o orgulho.
Virtudes
Morais: sobriedade, prodigalidade, trabalho, castidade, mansidão, generosidade
e modéstia.
Surge
também como virtude algo que, para um grego, jamais poderia fazer parte dos
valores do homem livre é: o trabalho.
Observamos
assim, que o conceito de virtude também foi sofrendo modificações no decorrer
da história, principalmente na relação do homem com um deus, a amizade é
substituída pela caridade, os vícios são transformados em pecado, e nas
virtudes Morais, encontramos um vício aristotélico: a modéstia.
40. Moral e sexualidade
O
discurso moralista e puritano que temos hoje é herdeiro da tendência platônico-cristã
que desvaloriza o corpo e considera que o caminho da humanização está na
purificação dos sentidos.
Nessa
perspectiva a sexualidade é desvalorizada como se deixasse de fazer parte do
ser humano, para ser reduzida ao silêncio.
A
visão platônico-cristã dissocia o amor espiritual do amor carnal e associa o
sexo ao pecado, a não ser quando tem por finalidade a reprodução.
Ainda
na atualidade temos, resquícios, desta visão, hoje muitas vezes o sexo, é
retirado da amplitude inicial em que deveria se encontrar, isto é, em todas as
ações humanas, é restrito a momentos isolados e, nas horas de lazer, e ainda
reduzido à genialidade.
Para
os gregos existia um a três formas de amor:
Ágape:
é a paixão, se ama mais do ser amado do que a si mesmo.
Filia:
é a amizade, segundo os gregos a forma de amor mais duradoura.
Eros:
o amor sexual: que se têm pelo corpo do outro.
Um
relacionamento para ser duradouro deveria possuir as três de amor sendo que a
que sempre prevalece é a filia.
Filosofia Medieval
41. A Filosofia na Idade Média
Ao retomar o
platonismo, o teólogo romano Santo Agostinho identifica o mundo das idéias com
o mundo das idéias divinas. Pela iluminação, o homem recebe de Deus o
conhecimento das verdades eternas. Essa corrente é conhecida como patristica
por ser elaborada pelos padres da Igreja Católica.
Entre os
séculos V e XIII predomina a escolástica, conjunto das doutrinas oficiais da
Igreja, influenciadas pelos pensamentos de Platão e Aristóteles. Os
representantes da escolástica estão preocupados em conciliar razão e fé e
desenvolver a discussão, a argumentação e o pensamento discursivo. Uma das
principais correntes filosóficas da época é o tomismo, doutrina escolástica do
teólogo italiano Santo Tomás de Aquino.
No plano
cultural, a Igreja exerceu amplo domínio, trançando um quadro intelectual em
que a fé cristã era o pressuposto fundamental de toda sabedoria humana.
Assim, toda
investigação filosófica ou científica não poderia, de modo algum, contrariar as
verdades estabelecidas pela fé católica. Segundo essa orientação, os filósofos
não precisavam se dedicar à busca da verdade, pois ela já havia sido revelada
por Deus aos homens. Restava-lhes, apenas, demonstrar racionalmente as verdades
da fé.
42. Conflitos e Conciliação entre a Fé e
Saber
No plano
cultural, a Igreja exerceu amplo domínio, trançando um quadro intelectual em
que a fé cristã era o pressuposto fundamental de toda sabedoria humana. Em que
consistia essa fé? Consistia na crença irrestrita ou na adesão incondicional às
verdades reveladas por Deus aos homens. Verdades expressas nas Sagradas
Escrituras.
Por outro
lado, surgiram pensadores cristãos que defendiam o conhecimento da filosofia
grega, na medida em que sentiam a possibilidade de utilizá-la como instrumento
a serviço do cristianismo.
Conciliado com
a fé cristã, o estudo da filosofia grega permitiria à Igreja enfrentar os
descrentes e demolir os hereges com as armas racionais da argumentação lógica.
O objetivo era convencer os descrentes, tento quanto possível, pela razão, para
depois fazê-los aceitar a imensidão dos mistérios divinos, somente acessíveis à
fé.
Entre os
grandes nomes da filosofia católica medieval destacam-se Agostinho e Tomás de
Aquino. Eles foram os responsáveis pelo resgate cristão das filosofias de
Platão e de Aristóteles, respectivamente, que mesmo presos às limitações de sua
época possuem um grande pensamento.
43. O Pensamento de Agostinho de Hipona
Filósofo e
teólogo romano (13/11/354-28/8/430). Um dos teóricos mais importantes da Igreja
Católica da Idade Média. No início de seu pensamento, segue várias linhas
filosóficas, como o maniqueísmo, corrente baseada no conflito entre o bem e o
mal, e o ceticismo
Estudando
Platão, acaba por se tornar cristão. Agostinho considera a filosofia praticamente, platonicamente, como
solucionadora do problema da vida, ao qual só o cristianismo pode dar uma
solução integral. Todo o seu interesse central está, portanto, circunscrito aos
problemas de Deus e da alma, visto serem os mais importantes e os mais
imediatos para a solução integral do problema da vida.
Embora
desvalorizando, platonicamente, o conhecimento sensível em relação ao
conhecimento intelectual, admite Agostinho que os sentidos, como o intelecto,
são fontes de conhecimento. E como para a visão sensível além do olho e da
coisa, é necessária a luz física, do mesmo modo, para o conhecimento
intelectual, seria necessária uma luz espiritual, já que o mal é a ausência do
bem.
Esta vem de
Deus, é a Verdade de Deus, o Verbo de Deus, para o qual são transferidas as
idéias platônicas.
Como, o “Mito da Caverna”. Para Agostinho o corpo é a prisão da alma e a morte
sua libertação.
44. O pensamento de Tomás de Aquino
Teólogo italiano (1224/25?-1274).
Fundador do tomismo, que no plano teológico sustenta a possibilidade de tratar
a teologia como ciência. Um dos expoentes da doutrina escolástica, como se
denomina a produção filosófica, científica e teológica da idade medieval.
Sua doutrina recebe o nome de
tomismo e tenta conciliar a razão e a fé, o mundo natural e o sobrenatural,
baseando-se no pensamento de Aristóteles. Tomás chega a formular cinco provas
de existência de Deus:
Prova da causa: Para que algo
exista é necessário uma causa, Deus seria a primeira causa.
Prova do movimento: Tudo se move
por algo. Deus seria o causador do primeiro movimento.
Prova do necessário: Deus não é
apenas possível, logo é necessário.
Prova de Graus: Nós imperfeitos
não poderíamos ter a noção de algo perfeito se não fosse dada por Deus.
Prova da Finalidade: as coisas
tendem sempre a se ordenarem, a finalidade disto é Deus.
Ao subordinar a filosofia à
teologia, o tomismo atrai a reação de outros escolásticos e provoca a formação
de correntes filosóficas divergentes, porém vai continuar sendo a mais
relevante na Idade Média.
45. A visão medieval da mulher
Na Idade Média se adotou a visão que Aristóteles tinha sobre a mulher.
Aristóteles achava que uma mulher seria mais ou menos como um homem incompleto.
Além disso, achava que os filhos herdariam apenas as características do pai,
pois a mulher seria passiva e receptora, enquanto o homem seria ativo e
criativo.
De acordo com os medievais, esses pontos de vista estariam em harmonia
com a mensagem da Bíblia - que diz, por exemplo, que a mulher teria sido feita
da costela de Adão.
Na Idade Média a Igreja era totalmente dominada pelos homens. O que não
significa que não tenham existido mulheres pensadoras. Uma delas foi Hildegarde
de Bingen (1098-1179), que viveu como freira na Renânia. Ela foi religiosa,
escritora, médica, botânica e naturalista. Hildegarde é um exemplo de que, na
Idade Média, as mulheres eram com freqüência práticas, e às vezes desempenhavam
atividades científicas.
Havia uma antiga crença cristã e judaica que dizia que Deus teria um lado
feminino, ou uma "natureza materna". As mulheres também teriam sido
criadas à imagem e semelhança de Deus. Em grego, esse lado feminino de Deus é
chamado de "Sophia", ou "Sofia", que significa sabedoria.
46. A ciência medieval
Na idade média
e se retoma o ideal grego de ciência, valoriza-se o conhecimento teórico ao
invés das atividades práticas.
Nesse
panorama, a ciência continua voltada para a discussão racional e desligada da
técnica e da pesquisa empírica. Os instrumentos de trabalho são rudimentares:
para conhecer os corpos, só se têm os olhos; para avaliar o frio e quente, só
se tem a pele.
Se a ciência
medieval não é experimental, tampouco se utiliza a matemática, o que ocorrerá
apenas na idade moderna. Por isso, a ciência permanece qualitativa, como na
Antiguidade, mesmo porque os recursos disponíveis da matemática ainda são
incipientes para se proceder a matematização.
O modelo de
astronomia medieval, com seu sistema geocêntrico, com sua divisão do universo
em mundo superior e inferior reproduz a hierarquia da sociedade medieval, já
que toda a teoria científica deveria ter como base as verdades reveladas.
Alguns
cientistas, porém faziam experiências às escondidas, e possuíam algumas
teorias, que não os oficiais.
47. A alquimia
Apesar da predominância
das questões religiosas que afastam os filósofos das discussões referentes à
natureza, são muitas as exceções a indicar a ruptura que preparam de certa
forma a crise do modelo científico da tradição grega.
Uma delas foi e a alquimia, a atividade
prática em voga no século 13 e teve importância muito grande a descoberta de
novas substâncias químicas. O saber oficial desdenhava essa atividade, por
demais vinculada às práticas manuais.
A alquimia era
uma mistura de ciência, se acreditava que as características de uma substância
eram dadas por seu espírito, assim se acreditava na transmutação (transferência
de espírito). Surge então a procura pela pedra filosofal, com a qual qualquer
substância poderia ser transformada em ouro ou ainda o elixir da longa vida.
A inquisição
(tribunal da igreja), controlava os infratores com freqüente perseguições,
muitas vezes com a condenação à fogueira sob a acusação de bruxaria. Não se
pode negar a importância da alquimia para desenvolvimento das técnicas de
laboratório.
48. A filosofia
árabe
Outra
exceção na tradição científica medieval é a contribuição dos árabes que, no seu
movimento expansionista, conhece a cultura grega e iniciam sua divulgação por
meio de tradução e criação de centros de estudo.
Na
alquimia, contribuem na sistematização dos fatos observados durante gerações em
trabalhos efetuados em laboratório, que aceleram a passagem do ocultismo para o
estudo racional. Na astronomia, aperfeiçoam os métodos do trigonométricos para
o cálculo das órbitas dos planetas, chegando a introduzir o conceito de seno.
Um
dos filósofos medievais árabes mais importante foi Avicena. Médico e filósofo
árabe, nasceu em Afsana, Pérsia. Seu pensamento é fortemente influenciado pela
filosofia aristotélica, cabendo às investigações metafísicas a maior parte de
suas considerações.
O cerne de sua
investigação filosófica é o ser, tomado em si mesmo. Uma vez que toda realidade
nos é dada como algo que é, o ser se manifesta em todas as nossas
representações. Este conhecimento, contudo, não é uma abstração do sensível.
Partindo dos entes, jamais se chegaria à noção de ser.
49. A Filosofia Renascentista
A
desintegração das estruturas feudais, as grandes descobertas da ciência e a
ascensão da burguesia assinalam a emergência do Renascimento. As novas idéias
procuram romper com a tradição cristã e buscar na Antiguidade o seus próprios
ideais pode homem é o centro
A filosofia
dessa época é marcada pelas descobertas de obras de Platão ainda desconhecidas,
de novas obras de Aristóteles, bem como pela recuperação das obras dos grandes
autores e artistas gregos e romanos. São três grandes linhas de pensamento que
predominavam na renascença:
Neoplatonismo:
destaca na natureza como um grande ser vivo; o homem faz parte da natureza como
um microcosmo e pode agir sobre ela através da magia natural, e da alquimia e
da astrologia, pois o mundo é constituído por vínculos ligações secretas entre
as coisas.
Pensadores de
Florença: valorizava a vida ativa, isto é, a política, e defendia os ideais
republicanos. Resgataram os políticos da Antiguidade e propuseram a imitação
dos antigos, anterior ao surgimento do império eclesiástico.
A terceira
linha é, era uma junção das duas anteriores, propunha a o ideal do homem como
dono do seu próprio destino seja através natureza ou da política.
50.
A filosofia de Giordano Bruno
Giordano Bruno nasceu em 1548, na Itália. Filósofo renascentista.
O pensamento de Giordano Bruno representa o modelo do espírito renascentista,
ao reintegrar a filosofia clássica às novas descobertas da ciência de seu
tempo.
Suas principais
influências são a teoria heliocêntrica de Copérnico e a teologia de Nicolau de
Cusa, aliadas ao pensamento dinamista de Heráclito e à compreensão atomista,
presente em Lucrécio e nos filósofos materialistas gregos.
Para Bruno, o universo
está em permanente transformação, constituindo um todo no qual tudo, até mesmo
a Terra, se encontra em movimento. Concordando com Copérnico quanto à afirmação
do movimento terrestre, amplia, contudo, tal concepção, na consideração de um
universo infinito, constituído por uma infinidade de mundos habitados.
O movimento próprio a este universo é a
transformação, a que estão sujeitos todos os entes. Esta transformação é
responsável por anular todas as diferenças, que devem ser, assim, compreendidas
como particularizações de nosso intelecto e compreensão limitados.
Filosofia da
Religião
51. O conceito de
religião
A palavra Religião vem
do termo latino "religare" que em latim significa a (re) ligação do
homem com Deus.
Portanto, expressa em
geral a relação do ser humano com o sagrado, com aquilo que estaria além da sua
compreensão, com Deus realmente.
A atuação prática da
Religião está nos cultos, ritos e cerimônias. Em outras palavras,
subjetivamente falando, pratica-se a religião através da adoração e veneração
dos Deuses, santos ou espíritos; objetivamente através da confissão ou do culto
e do direito.
Entre os povos
primitivos e agricultores é muito forte o que podemos chamar de religião
agrária. Basicamente, esta consiste nos ritos da fecundidade, isto é, em
rituais que favoreçam a fertilidade e fecundidade. Para estes povos, por
exemplo, a colheita depende exclusivamente dos deuses.
Portanto religião é,
antes de tudo, o meio pelo qual o homem se relaciona com Deus, suas divindades
e espíritos, bons ou ruins, não importa se é certa ou errada. Todas as
religiões têm esse objetivo de re-ligar o homem a seus deuses, suas crenças e
seus instintos primários, fundamento básico para a sobrevivência dos homens na
natureza.
52. A religião é como narrativa da origem
A religião não muda apenas o espaço. Também qualificam o tempo,
dando-lhe a marca de sagrado. O tempo sagrado é arma narrativa. Narra a origem
dos deuses e, pela ação das divindades, a origem das coisas. Por isso, a na
ativa religiosa sempre começa com alguma expressão do tipo "No
princípio" o "Quando deus", etc.
A narrativa
sagrado é a história sagrada, que os gregos chamavam de mito. Este não é uma
fábula ilusória, uma fantasia sem consciência, mas a maneira pela qual uma
sociedade na para si mesmo seu começo e de toda a realidade, inclusive o começo
o nascimento dos próprios deuses.
Tardiamente,
quando surgiu a filosofia e, depois dela a teologia (teo = deus, logia =
estudo), a razão e exigirá que os deuses não sejam apenas imortais, mas também
e ternos, sem começo e sem fim. antes, porém um, da filosofia e da teologia, a
religião narra teogonias (teo = deus, gonias = geração), isto, a geração o
nascimento e dos deuses, semideuses e heróis.
A história
sagrada ou o mito narra com e porque a ordem do mundo existe como e porque foi
dada aos humanos pelos deuses.
53. O Pensamento Judeu
O Judaísmo não é apenas um
sistema religioso, mas também, social, cultural, político e filosófico. Surgiu por volta do ano 2.000 a.C. Abraão é
considerado seu fundador, mas Moisés seu principal representante.
O livro sagrado judeu é a Torah,
composto dos cinco primeiros livros da bíblia: Gênesis, Deuteronômio, Êxodo,
Levitico e Reis, que segundo a tradição teriam sido escritos por Moisés.
O Deus judeu, chamado de Javé ou
Jeová, é um Deus vingativo, ciumento e rígido, mas amoroso com os que o
obedece. Eles esperam um “messias” que seria um mensageiro de Javé, para
libertar os judeus.
Possui várias regras entre as
mais importantes estão:
1° Obediência ao decálogo:
mandamentos dados por Deus a Moisés.
2° Celebração da Páscoa: passagem
do Egito a Israel.
3° Dedicação do Sabatt: Para eles
o sábado seria o dia dedicado a Deus.
4°Santidade do Nome de Javé: Este
não pode ser pronunciado.
O menorah, candelabro de sete
velas e a estrela de David, são os maiores símbolos do judaísmo.
54. O Pensamento Budista
O príncipe
Sidarta, mais conhecido como Buda, foi criado em confinamento no palácio. Aos
29 anos, fica chocado ao descobrir as doenças, a velhice e a morte. Parte,
então, em busca de uma explicação para o sofrimento humano.
Buda encontra
sua explicação, na “Reencarnação” e na doutrina do carma, castigo de uma vida
anterior. Para superar o estágio do carma e alcançar o Nirvana (Estado de
consciência superior), é necessário conhecer as quatro verdades: 1° A
existência implica dor, 2° A origem da dor é o desejo e a ignorância, 3° A
superação da dor só é possível com o fim do desejo e da ignorância, 4° A
remoção da dor pode ser alcançada por oito caminhos: compreensão correta,
pensamento correto, palavra, ação, modo de vida, esforço, atenção e meditação
corretos.
Buda também
define cinco preceitos morais: Não magoar os seres vivos, não roubar, evitar má
conduta sexual, evitar declarações indignas, como mentir, caluniar ou difamar,
evitar drogas e álcool.
O budismo se
divide em duas correntes:
Theravada – É
a forma mais antiga de budismo, e considera Buda, um deus;
Mahayana –
Considera Buda um grande Mestre, mas não um deus.
55. O Islamismo
O
Islamismo é cronologicamente a terceira e a última das três grandes religiões
reveladas. (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo). O seu livro sagrado é o
ALCORÃO e MAOMÉ é o seu profeta, que segundo a tradição teria escrito o alcorão
por ordem do arcanjo Gabriel.
Os
pilares do Islamismo são:
1.
Um Deus único: “Não há outro Deus a não ser Alá, e Maomé é seu profeta” (Alc
7,157);
2.
Deve-se fazer cinco vezes ao dia a oração ritual ou salat;
3.
O jejum ou sawn é obrigatório durante o mês de Ramadã; o crente tem de se
abster de comer, beber e de ter relações sexuais, do amanhecer até o por do
sol;
4.
O zakat ou esmola também é obrigatória; consiste na décima parte da receita a
ser entregue aos pobres. Hoje, corresponde ao imposto sobre os rendimentos nos
estados muçulmanos.
5.
E, finalmente, a peregrinação a Meca (hayy) que significa retorno às fontes da
fé e de manifestação da unidade e universalidade do Islã.
Duas
vertentes são reconhecidas no Islamismo: os sunitas (o maior e mais ortodoxo)
reconhecem a sucessão de Maomé por Abu Bakr e pelos três califas que o
seguiram; os xiitas reconhecem a sucessão de Maomé por Ali, seu sobrinho, são
mais moderados.
56. O cristianismo
O
cristianismo é a religião dos que acreditam que Jesus Cristo é o Filho de Deus,
iniciou como uma seita dentro do Judaísmo, depois expulso deste se difundiu por
todo o império Romano.
É
no Novo Testamento que se encontram os Evangelhos, as Cartas e outros escritos
em que se baseia toda a doutrina cristã.
O
ensinamento de Jesus era simples. Ele proclamava o amor a Deus e ao próximo
como maior mandamento; “. A proposta inicial de Jesus era reformular o
judaísmo, como não conseguiu, resolveu espalhar sua doutrina ao resto do
mundo”.
O
grande momento do cristianismo foi no século III quando Constantino o declara
religião oficial com fins políticos, com isso infelizmente o cristianismo
perdeu muito de sua riqueza inicial, que só vai ser retomada devido à atitude
do monge Lutero, que provocou a reforma protestante.
O
Cristianismo é a religião mais numerosa do mundo.
Nos
dois mil anos da sua existência é mais que uma religião é cultura vivenciada
pelo testemunho de nossas vidas, práticas, acontecimentos, transmitidos de
geração em geração, sempre centrados na figura de Jesus.
57. Ritos e símbolos
Porque
a religião liga humanos e divindade, por que organiza o espaço-tempo, os seres
humanos precisam garantir que a ligação e a organização se mantenha e sejam
propícias. Para isso a são criados os ritos.
O
rito é uma cerimônia em que gestos determinados, palavras determinadas, objetos
determinados, pessoas determinadas e emoções determinadas adquirem o poder
misterioso de presentificar o laço entre os humanos e a divindade.
No
entanto, uma vez fixada a simbologia de um ritual, sua eficácia dependerá da
repetição perfeita do rio, tal como foi praticado na primeira vez, porque nelas
os próprios deuses orientaram gestos e palavras dos humanos.
Rito
e símbolo caminham juntos, só ser humano é capaz de criar símbolos, que é a
ligação de algo visível com algo invisível. O rito religioso deve ser
repetitivo em dois sentidos principais: a cerimônia deve repetir um
acontecimento essencial na história sagrada e, em segundo lugar atos, gestos,
palavras, objetos, devem ser sempre os mesmos, porque foram, na primeira vez,
consagrados pelo próprio deus.
58. A experiência do
sagrado
O
sagrado é uma experiência de apresentação de uma potência ou de uma força
sobrenatural o que habitam algum ser, seja ele planta, animal, humano, coisas,
vento, que etc.
O
sagrado é a experiência simbólica da diferença entre os seres, da superioridade
de alguns sobre os outros, do poderio de alguns sobre os outros, superioridade
e poder sentidos como espantosos, misteriosos, desejados e temidos.
O
sagrado opera o encantamento do mundo, habitado por forças maravilhosas e
poderes admiráveis que agem magicamente. Criam vínculos de simpatia e de
antipatia entre todos os seres e, agem à distância, enlaçam entes diferentes.
Sagrado
é, pois a qualidade boa ou má, protetora tom ameaçador que possuímos se e que o
separa e distingue dos outros, embora, em muitas culturas, todos eles segunda
guerra mundial. O ser humano passa a perceber que a ciência não tem respostas
para tudo, principalmente diante de um cenário tão triste como o das guerras
mundiais.
A
religião, porém, volta de maneira diferente, mais esotérica e individualista
tornando presente a crença em cristais, pirâmides e seres encantados. É uma
religião voltada para a relação eu e Deus e não como a, da idade média em que a
religião fazia parte de todos os âmbitos da sociedade.
Temos
também uma vertente política da religião, mas que só prevaleceu durante as
décadas de 60 e 70. Hoje mesmo as religiões tradicionais como catolicismo e
algumas vertentes do protestantismo mostram influências deste novo tipo de
comportamento religioso.possuam algo de sagrado, pelo que se diferenciam uns
dos outros.
A
religião e pressupõe que, além do sentimento de diferença entre natural e o
sobrenatural, acha o sentimento de separação entre os humanos e o sagrado,
mesmo que este habite os humanos e a natureza.
59. A morte e a
religião
Observando
a história e os diversos povos, verificamos que o sentido da morte não é sempre
o mesmo. A maneira pela qual o povo enfrenta a morte e o significado que lhe
dá, refletem de certa forma no sentido que percebem a vida.
A
morte e a vida não são separáveis, pois um faz parte do outro. num mundo tribal
a morte não é propriamente um problema. Ela não é enfocada do ponto de vista da
morte de um indivíduo, mais se acha é integrada as práticas coletivas de culto
aos mortos, aos ancestrais.
Para
o filósofo Martin Heidegger, o homem é um ser para morte, desta forma quando
nascemos começamos a morrer.
Na
nossa atualidade a morte geralmente é escondida, a grande cidade destruiu os
antigos laços, separando cada vez mais as famílias e instaurando um extremo
individualismo.
Acaba-se
esquecendo, que a morte nos ajuda a questionar sobre a autenticidade da nossa
vida, é nesses momentos que questionamos o que estamos fazendo dela.
60. A religião hoje
Com
o fim da idade média, onde houve o domínio da religião, começou um novo
domínio, o da ciência. Antes eram as verdades da fé que pareciam irrefutáveis,
na modernidade, cria-se o mito de que a ciência possui a verdade absoluta. Até
hoje temos resquícios desta mentalidade.
Este
panorama só foi mudar de forma expressiva após a
Filosofia Política
61. O conceito de política
Na conversa
diária, usamos uma palavra política de diversas formas que não se refere ao seu
sentido fundamental. Assim, sugerimos a alguém que seja mais político na sua
maneira de agir, ou nos referimos à política da empresa, o da escola da igreja.
Existe também
o sentido pejorativo da palavra política, "A politicagem", falsa
política em que predominam os interesses particulares sobre os coletivos.
Podemos definir política, no sentido que nos interessa, como arte de governar,
de gerir o destino da cidade. Etimologicamente política vem do grego polis, que significa cidade.
Aristóteles
afirmava que o homem não inventou a política, e que ela é parte constituinte do
ser humano. Existem na natureza três tipos de poder:
Poder paterno:
exercido por um (monarquia).
Poder tirano:
exercido por alguns (oligarquia).
Poder
político: exercido por todos (democracia).
O melhor dos
três, segundo ele, é a política, exercida somente pelo ser humano. Sócrates não
concordava com ele, pois achava que o povo era incapaz de tomar decisões.
62. A democracia grega
Foi na cidade
de Atenas, capital da Grécia, que se usou pela primeira vez a democracia, e
isto era motivo de orgulho para seus cidadãos. A palavra democracia vem do
grego demos e krátia, que significa governo do povo.
As decisões
políticas em Atenas eram tomadas na praça principal chamada de Agora. Entretanto, o ideal de democracia
não se cumprir de fato em Atenas, já que só tinham voz ativa, os que eram
considerados cidadãos livres e isto excluíam mulheres, escravos e estrangeiros.
Segundo
Sócrates a democracia era uma cilada inventara para o povo mais simples, que
por isso a denuncia, como falsa política que engana o povo com longos discursos
e pouca prática.
Isto, porém,
não tira o mérito dos gregos, de terem rompido com aquelas características da
autoridade e do poder anteriores à democracia, despóticos e patriarcais.
As principais
novidades trazidas pela democracia foram duas:
Voto do cidadão livre: o destino sai das
mãos dos deuses e agora esta nas mãos dos cidadãos.
Cargos públicos: eram necessários para
que pudesse ser mantida a ordem, cumpridas as regras da democracia.
63. A política na idade média
Ao contrário
das concepções na antiguidade, em que a função da política era assegurar uma
vida boa aos cidadãos, na idade média predomina a concepção negativa de estado.
Isto porque o homem teria uma natureza sujeita ao pecado e o papel do estado é
o de intimar os cidadãos para que ajam corretamente.
Portanto, na
idade média configuram-se duas formas de poder: a do estado e a da igreja. o
estado voltado para os assuntos mundanos e a igreja voltada para os interesses
da salvação das almas. A disputa entre os dois poderes assumiu diferentes
expressões no decorrer do período, criando inúmeras discussões.
Agostinho,
filósofo e bispo de Hipona, escreveu um livro que ficou muito famoso por tratar
desse assunto intitulado "Cidade de Deus", considerando a superioridade
do poder espiritual sobre o poder temporal. Desta forma o rei deveria obedecer
ao papa.
No entanto,
tanto a monarquia como o domínio eclesial, foram aos poucos perdendo seu poder,
sendo atacados tanto pela burguesia, quanto por uma massa de camponeses, que
embora tivessem conquistado a o direito de produzir eram massacrados por
impostos para sustentar a vida suntuosa dos nobres da corte e dos clérigos,
tudo isso vai dando espaço, ao surgimento da modernidade.
64. A teoria política de Maquiavel
Nicolau Maquiavel,
nascido em 1469 na Itália, é um dos pensadores que procuram romper com a idéia
medieval de política, mostrando como realmente é, sem máscaras. Ele é também um
dos primeiros a separar a política da ética, no seu livro "O
príncipe" mostra como deve se comportar um governante para ser
bem-sucedido, vejamos os dez mandamentos de Maquiavel, contidos nesse livro:
1º Zelai
apenas pelos vossos interesses;
2º Não honreis
a mais ninguém além de vós;
3º Fazei o
mal, mas fingi fazer o bem;
4º Cobiçai e
procure fazer tudo o que puderes;
5º Sedes
miseráveis;
6º Sedes
brutais;
7º Lograi o
próximo toda vez que puderdes;
8º Matai os
vossos inimigos e, se for necessário, os vossos amigos;
9º Usai a
força em vez da bondade ao tratardes com o próximo;
10º Pensai exclusivamente
na guerra.
65. Thomas Hobbes e John Locke
Thomas Hobbes
nasceu em 1588, inglês de família pobre, conviveu com a nobreza de quem recebeu
apoio para estudar. Defendeu de forma veemente o poder absoluto, ou seja, a
monarquia.
Para ele, o
poder soberano deve ser ilimitado, com poder de vida e morte sobre seus
súditos, caso contrário, um pouco que seja conservado da liberdade natural do
homem, instaura-se de novo a guerra.
Hobbes usa a
figura bíblica do Leviatã, animal monstruoso e cruel, mas que de certa forma
defende os peixes, comparando com relação entre rei e súditos.
John Locke,
também inglês, nascido em 1632, filho de uma família de burgueses é totalmente
contra o pensamento de Hobbes.
O ponto
fundamental do pensamento de Locke é que os direitos do ser humano não
desaparecem por causa da política, mas a política existe para mantê-los, desta
forma o governante deve ser no fiscal dos direitos e não um detentor de um
poder absoluto.
A teoria
política de Locke foi chamada de liberalismo, e defende também os direitos da a
iniciativa privada, além de restringir a intervenção do estado, como já vimos.
66. Karl Marx e o comunismo
Karl Marx
(1818-1883) viveu na Alemanha, num período em que havia uma grande exploração
dos proletários (operários) pela burguesia (patrões). Não existiam ainda os
direitos trabalhistas, começavam a surgir às primeiras fábricas, e havia uma
grande necessidade de trabalho braçal, levando as pessoas a jornadas de 12h
diárias, com salário de mera subsistência.
A resposta
para isso, segundo ele, estava num novo tipo de sistema político, diferente do
vigente que era o capitalismo. Marx propõe o “comunismo", sistema político
dotado de dois momentos:
Primeiro
momento: chamado por Marx de ditadura do proletariado, os operários tomariam o
poder pela força de e instaurariam, um governo provisório que preparasse a
segunda fase.
Segundo
momento: o comunismo, não haveria mais governo nem a propriedade privada e tudo
seria comum a todos, partilhado de forma igual.
Karl Marx foi
o criador também de conceitos políticos que são utilizados até hoje, eis alguns
exemplos: mais valia e menos valia (a parte que pertence ao operário e fica com
o patrão), proletariado e burguesia (classes antagônicas em luta), ideologia e
alienação (idéias erradas passadas pela burguesia ao proletariado).
67. O anarquismo
É comum a as
pessoas confundirem anarquismo com bagunça. Na verdade, não se trata disso.
Etimologicamente, a palavra formada pelo sufixo “archon” que a significa
"Governante", e “na” que significa “sem”, ou seja, "Sem
governo".
O princípio
que rege anarquismo está na declaração de que o estado é perigoso e
desnecessário, pois há formas alternativas de organização voluntária.
O principal
pensador desta corrente foi o russo Bakunin seu ponto, de partida é a crítica
ao individualismo burguês e do estado liberal, considerado autoritário e
antinatural. Os anarquistas acreditavam na liberdade natural e na bondade
natural dos seres humanos em sua capacidade para viver felizes em comunidades.
Contra o
artificialismo da sociedade e do estado propõe, o retorno à vida em comunidades
alto governadas, sem a menor hierarquia e sem nenhuma autoridade com poder de
mando edireção.
Os anarquistas
são contra a democracia da forma que conhecemos, pois a representação contém um
risco de dar o poder a um burguês, prevêem a supressão da propriedade privada e
sua substituição por organizações livres. Defendem o ateísmo como a condição de
autonomia moral do homem "Para firmar o homem, é preciso negar Deus".
68. Fascismo e no nazismo
O fascínio
predominou na Itália com Mussolini, desde de 1922, e o nazismo na Alemanha com
Adolf Hitler, desde 1933. finda a segunda guerra mundial, em 1945, Mussolini
foi morto e Hitler suicidou-se.
O termo
fascismo, lançado por Mussolini vem do italiano, fascio que significa feixe e quer simbolizar a união do movimento.
O termo nazismo surge quando Hitler entra para o partido operário alemão e muda
o nome do partido, sendo a abreviação do nome dado por ele NAZI, também cria o
estandarte da cruz gamada (suástica), símbolo do movimento. São três as
principais características que ligam estes dois movimentos:
Doutrina: os
dois movimentos possuem suas teorias baseadas na paixão pelo nacionalismo.
Hitler escreveu seu livro “Mein Kampf” (minha luta), onde fundamenta a
superioridade da raça ariana.
Nacionalismo:
ambos os movimentos se acha um orientadas pelo nacionalismo exacerbado é,
nascido do deseja retornar à nação forte, grande, auto-suficiente e com
exército poderoso.
Totalitarismo:
criticam o estado liberal e os princípios da democracia, a valorização das
elites e do papel dos mais fortes levam a exaltação do estado: "Tudo no
estado, nada fora do estado, nada contra o estado", diz Mussolini.
69. O neoliberalismo
Uma das
conquistas do liberalismo clássico foi o ideal do estado não intervencionista,
que deixava o mercado livre para sua auto-regulação. Tratava-se do estado
minimalista, de baixa intervenção, e do liberismo, ou seja, de prevalecimento
do livre mercado.
Desde a década
de 40 alguns teóricos, defendia o retorno às medidas liberais do livre mercado.
Os neoliberais retomam a idéia do estado minimalista, cuja ação se restringem
ao policiamento, justiça e defesa nacional. O que segundo eles, não implica
enfraquecimento do estado, mas no seu fortalecimento, já que se pretende
reduzir os seus encargos.
A partir da
década de 80, os governos dos estados unidos e da Inglaterra a São
representantes da nova onda neoliberal. No Brasil as tendências se confirmam
nos processos de privatização e de organismos estatais e a abolição da reserva
de mercado.
De início se
achava que este tipo de sistema político poderia melhorar a situação de países
subdesenvolvidos, mas ao contrário tem aumentado a cada vez mais a miséria, ao
mesmo tempo em que temos pessoas com acesso as mais altas tecnologias têm
também pessoas que continua analfabeta; trata-se de um sistema excludente e
seletista.
70. Dificuldades para democracia no Brasil
Periodicamente
os brasileiros afirmam que vivemos numa democracia, depois de concluída uma
fase de autoritarismo.
Por democracia
entendem a existência de eleições, de partidos políticos e da divisão
republicana dos três poderes (judiciário, legislativo e executivo), além da
liberdade de pensamento e expressão.
Por
autoritarismo, entendem o regime de governo em que o estado é o culpado através
de um golpe militar, não há eleições nem partidos políticos, o poder executivo
domina o legislativo e o judiciário.
Esta visão é
cega para algo profundo na sociedade brasileira: o autoritarismo social. Nossa
sociedade é autoritária por que divide as pessoas, em qualquer circunstância,
inferiores, que devem obedecer, e superiores, que devem mandar. Não há
percepção na prática da igualdade como um direito.
Isto faz com
que a política esteja sempre dividida entre os interesses da classe dominante e
as carências da classe dominada, sem conseguir ultrapassar carências e
interesses e alcançar a esfera do direito de todos.
As leis porque
exprimem o os privilégios dos poderosos com a vontade pessoal dos governantes,
não são vistas como expressão de direitos nem vontades e decisões públicas
coletivas. Como se observa, a democracia, no Brasil, ainda está por ser
inventada.
Marilena
Chauí
Introdução a Lógica
71. Conceito de Lógica
Denominação dada ao
estudo das regras fundamentais da linguagem e pensamento humanos. Seu nome
deriva de logos, palavra grega que significa palavra, proposição,
discurso, pensamento e linguagem.
Podemos definir lógica
como a ciência que investiga a validade do dos argumentos e da as regras do
pensamento correto.
A lógica é, portanto o
vestíbulo da filosofia, o instrumento que permite que a filosofia caminhe de
forma rigorosa e científica.
O primeiro momento em
que a lógica aparece no pensamento ocidental é na Grécia antiga. Apesar de
muitos de seus temas terem sido prefigurados pela contribuição da sofística e
pelas considerações de Sócrates e Platão, somente com Aristóteles ela alcança
sua primeira e mais completa sistematização.
A lógica, no
entanto não é um instrumento exclusivo da filosofia, mas serve para todos que
querem agir com rigor, Ao estudar a estrutura e a natureza do raciocínio humano
e reproduzi-las em fórmulas matemáticas, torna-se possível, por exemplo, a
criação de uma linguagem binária, que é à base de funcionamento dos softwares
para computadores.
72. Aristóteles e a lógica
A Lógica surge
no Ocidente com o filósofo grego Aristóteles. Para mostrar que os sofistas
(mestres da retórica e da oratória) podem enganar os cidadãos utilizando
argumentos incorretos, Aristóteles estuda a estrutura lógica da argumentação.
Revela, assim,
que alguns argumentos podem ser convincentes, embora não sejam corretos. A
lógica, segundo Aristóteles, é um instrumento para atingir o conhecimento
científico. Só se pode chamar de ciência aquilo que é metódico e sistemático,
ou seja, lógico.
Na obra
Organon, Aristóteles define a lógica como um método do discurso demonstrativo,
que utiliza três operações da inteligência: o conceito, o juízo e o
raciocínio.Exemplo:
Todo homem é mortal.
Ora, Sócrates é homem.
Logo, Sócrates é mortal.
O raciocínio é
a progressão do pensamento que se dá entre as premissas "Todo homem é
mortal", "Sócrates é homem" e, a conclusão, "Sócrates é
mortal".
73.
Lógica depois de Aristóteles
A lógica medieval
apresenta importantes contribuições ao desenvolvimento desta matéria. Pedro
Abelardo, no século XII, afirma que o objeto da lógica são as palavras,
compreendidas como voz significativa, isto é, nomes dotados de
orientação significativa com relação aos objetos da realidade.
No século XIII, com a
completa tradução para o latim da lógica aristotélica, esta sofre importantes
interpretações, principalmente quanto ao estudo das categorias e da distinção
entre a lógica e a ontologia, o que incentiva o caráter eminentemente formal da
primeira.
Os principais pensadores
a implementar a lógica neste período são Pedro Hispano, São Tomás de Aquino,
Suárez, Duns Scoto, Guilherme de Ockham, entre outros.
Durante a idade moderna,
a lógica cede terreno para a teoria do conhecimento, objeto principal das
investigações filosóficas deste período. Contudo, é preciso mencionar as
considerações lógicas de Lull, Hobbes e, especialmente, Leibniz.
Estes autores apontam a
relação estreita que existe entre as regras do pensamento e as do cálculo. O projeto
de Leibniz, de fundamentação matemática de todas as ciências, por compreender o
cálculo como o alfabeto simbólico do pensamento humano, pode ser considerado
precursor da lógica matemática, desenvolvida na contemporaneidade.
74. O argumento
O argumento é
a representação lógica do raciocínio. É um tipo de operação discursiva do
pensamento, consiste em encandear logicamente juízos e deles tirar uma
conclusão.
O argumento
possui uma estrutura de rigor constituída por proposições. A proposição é a representação
lógica do juízo. O juízo é o ato pelo qual a inteligência afirma ou nega a
identidade representativa dos conceitos.
Na proposição
"O homem é livre”, há dois conceitos (homem e livre) em que um afirma o
outro. Na proposição "O homem não é mineral", o conceito mineral é
negado do conceito de homem. Na lógica os conceitos são chamados de termos, no
caso os termos aqui foram: homem, livre e mineral.
Tradicionalmente,
dividimos os argumentos em dois tipos, os dedutivos e indutivos, vejamos
primeiramente a dedução:
Dedução: chamada por Aristóteles
silogismos na dedução existem três proposições onde a última é uma conclusão, e
também três termos, vejamos o exemplo:
Toda baleia é mamífero.
Ora, nenhum mamífero é peixe.
Logo, a baleia não é peixe.
75. Regras do Silogismo
O silogismo
(dedução), deve obedecer oito regras, sem as quais a dedução não terá validade,
não sendo possível dizer se a conclusão é verdadeira ou falsa:
1° Regra: Um silogismo deve ter um termo
maior, um menor e um médio e somente três.
2° Regra: O termo médio deve aparecer
nas duas premissas, mas jamais na conclusão.
3° Regra: Nenhum termo pode ser mais
extenso na conclusão do que nas premissas.
4° Regra: A conclusão não pode conter o
termo médio
5° Regra: De duas premissas negativas nada
se conclui.
6° Regra: De duas premissas particulares
nada se conclui.
7° Regra: Duas premissas afirmativas
devem ter conclusão afirmativa.
8° Regra: A conclusão sempre acompanha a
parte mais fraca, isto é, se uma premissa for negativa a conclusão será
negativa, se uma premissa for particular a conclusão ser particular.
76. Indução
Indução é uma
argumentação na qual, a partir de dados singulares suficientemente e numeradas,
em que seguimos uma verdade universal. Enquanto na dedução a conclusão deriva de
verdades universais já conhecidas, a indução, chega a uma conclusão a partir da
experiência sensível, dos dados particulares. Exemplo:
O cobre o
condutor de eletricidade;
O ferro é
condutor de eletricidade;
A prata é
condutora de eletricidade;
Logo, todo o
metal e condutor de eletricidade.
Embora pareça
frágil, a indução foi responsável, por várias descobertas científicas. Claro,
que devido à falta de rigor, cabe o lógico examinar as condições favoráveis
para considerar se a indução é correta ou não.
77. Tipos de Indução
Há vários
tipos de indução, mas só vamos examinar os mais comuns:
Indução completa: quando há condições de
serem examinados cada um dos elementos do conjunto. Exemplo:
A vista tem um
órgão corpóreo;
A audição tem
um órgão corpóreo;
O olfato tem
um órgão corpóreo;
O paladar tem
um órgão corpóreo;
O tato tem um
órgão corpóreo;
Logo, todos os
sentidos possuem um órgão corpóreo.
Indução incompleta: é o caso mais comum,
chamada também a de indução por enumeração, em que são observados alguns
elementos, dos quais se conclui uma totalidade. como vimos no texto anterior à
questão do metal como condutor de eletricidade.
Indução de
autoridade: na vida diária fazemos inúmeras incursões baseadas nas afirmações
de pessoas que respeitamos. por exemplo, quando vamos ao médico e tomamos o
medicamento, é porque acreditamos que ele é um profissional. Exemplos:
O homem foi à
lua.
A terra gira
em torno do sol.
78. A analogia
Embora a analogia
seja um caso de indução, vamos analisá-la separadamente por ter certas
características específicas.
A analogia ou
raciocínio por semelhança é uma indução parcial ou imperfeita, na qual passamos
de alguns fatos singulares não a uma conclusão universal, mas há uma outra
enunciação singular ou particular, deferida em virtude da comparação entre os
objetos que apresentam semelhanças:
Paulo sarou das dores de cabeça com este o
medicamento. Logo, João a de sarar das dores de cabeça com este mesmo remédio.
É claro que o
raciocínio por semelhança fornece apenas uma probabilidade, não uma certeza.
Desempenha papel importante na descoberta ou invenção. Grande parte de nossas
conclusões diários se baseia na analogia.
As analogias
podem ser fracas ou fortes, dependendo da relevância da semelhanças
estabelecidas entre objetos diferentes.
79. Falácias ou Sofismas
Os sofistas
eram pensadores da época de Sócrates e inimigos deste, devido ao fato de
defender o discurso e não a verdade. Este tipo de raciocínio, que vamos ver,
recebeu o nome de sofisma por causa destes pensadores.
A falácia é um
tipo de raciocínio incorreto, embora tenha a aparência de correto. As falácias
podem ser formais, quando contrariam as regras dos raciocínios corretos.
Exemplos:
A) Todos os
homens são loiros.
Ora, eu sou
homem.
Logo, eu sou
loiro.
B) Todos os
homens são vertebrados.
Ora, eu sou
vertebrado.
Logo, eu sou
homem.
Os exemplos a
e b são falácias, o primeiro é uma falácia quanto à matéria, embora se trate de
um argumento formalmente correto, enquanto a segunda é uma falácia quanto o a
forma, pois a desatende a uma regra de argumento válido.
80. Falácias não-formais
Como já vimos,
as falácias são raciocínios incorretos, as falácias não formais são as mais
comuns no dia a dia, podem ser divididas em cinco tipos principais:
1° desvio de autoridade: utiliza a
autoridade de alguém importante, mas não especialista, para defender algo. Exemplo
usar artistas para apoiar um candidato ou vender sabonete.
2° a argumento contra o homem: quando
consideramos errada uma conclusão porque parte de alguém depreciamos. Exemplo:
dizer que um profissional não sabe sobre sua área porque não gostamos dele.
3° falácia de acidente: consiste em
considerar essencial algo que foi a acidental. Exemplo: concluir que a medicina
é inútil devido ao um erro médico.
4° falácia de ignorância: Consiste em
se afastar da questão, desviando a discussão para o outro lado. Exemplo: Um
advogado que não pode negar o crime do réu enfatiza que ele é bom filho,
marido, trabalhador, etc.
5° Falácia de petição de princípio: ou
círculo vicioso, que supões já conhecido o que é objeto de questões. Exemplo:
Tal ação é injusta porque é condenável; e é condenável porque é injustiça.
Filosofia Moderna
81. Filosofia Moderna (Séc XVII - séc XIX)
Recebe esta
denominação o pensamento realizado em vários países da Europa, compreendido, em
linhas gerais, desde as considerações de Descartes até a sistematização
filosófica de Hegel.
A principal característica deste período é à busca dos princípios pelos
quais o homem pode apreender verdadeiramente a realidade. Sua principal
consideração o problema do conhecimento. Este conhecimento é marcado pela
vinculação matemática que possui a ciência deste período.
Deste modo, a verdade buscada pelo conhecimento filosófico moderno deve
possuir a certeza, a simplicidade, a clareza e a mensurabilidade próprios ao
âmbito matemático que lhe serve de parâmetro.
O conhecimento buscado por esta filosofia, que possui a certeza do
conhecimento matemático, deve ser, por este motivo, necessariamente racional. A
razão é o modo verdadeiro de acesso à realidade, devendo aplicar-se a uma
investigação dos fenômenos naturais tanto quanto à investigação de seus
próprios fundamentos.
82. Racionalismo
Em sentido geral, este termo designa o modo de pensamento que busca na
razão o fundamento de um conhecimento seguro da realidade, ou sua
inteligibilidade essencial. Este termo é formado a partir da palavra latina ratio,
que significa cálculo, conta, ordem, método, raciocínio.
É possível, neste sentido geral, distinguir entre racionalismo gnosiológico
e metafísico. O primeiro afirma ser a razão a faculdade na qual radica todo
conhecimento e certeza. O segundo afirma a racionalidade intrínseca à
realidade, baseado em um pensamento que postula a identidade essencial entre
ser e pensar, que torna todo existente redutível a leis racionais.
O racionalismo somente
atinge seu pleno desenvolvimento na Modernidade. Neste período da história da
filosofia, que possui como característica principal à necessidade de colocação
de um método seguro de busca de certeza elege-se a razão, compreendida enquanto
faculdade autônoma e abstrata que procede dedutivamente, como critério
exclusivo de verdade.
83. René Descartes
René Descartes (1596 - 1650), Filósofo racionalista francês, considerado o pai da filosofia moderna.
A originalidade da concepção filosófica de Descartes inicia com a busca de um
método que garanta a possibilidade de alcançar certeza através do conhecimento.
Com isto, assume a dúvida cética acerca da realidade.
Todavia, este procedimento não tem a dúvida como fim, ao modo das
formulações dessa escola; antes, ele possui o intuito de levá-la às suas
últimas conseqüências, a fim de que, deste esgotamento, possa surgir um campo
de certezas. Daí chega a sua famosa afirmativa: “Penso, logo existo”, primeira
certeza encontrada.
A partir desta descoberta, Descartes procede à tentativa de fundamentar
racionalmente a existência divina, baseando-se no princípio de causalidade, ou
seja, tudo o Universo deve ter uma causa primeira, que é Deus.
A filosofia cartesiana, contudo, não deve ser encarada unicamente desde
seu aspecto de construção metódica. As considerações de Descartes abrangem um
vasto campo: metafísico, físico, psicológico e moral, que o convertem em
iniciador do racionalismo na Modernidade.
84. O Empirismo
Recebe esta denominação a corrente de pensamento que procura fundar
todo conhecimento na noção de experiência. Deriva da palavra grega empeiría,
experiência.
Em sentido amplo, pode-se
compreender o empirismo como uma tendência de interpretação da realidade e do
conhecimento.
Os principais representantes do empirismo moderno são Francis Bacon,
Hobbes, Locke, Berkeley e Hume. O empirismo inglês caracteriza-se por possuir
aspectos, a um só tempo, gnosiológicos e metafísicos: admite que o conhecimento
radica na noção de experiência, afirmando, simultaneamente, ser a experiência o
modo como se constitui a realidade mesma.
Freqüentemente, os empiristas associam a noção de experiência
unicamente aos dados fornecidos pelos sentidos. Desta forma, a tal compreensão
corresponde, freqüentemente, uma compreensão materialista da realidade, embora
nem todo empirismo gnosiológico conduza, necessariamente, a tal posição
Metafísica.
85. Francis Bacon
Francis Bacon (1561 - 1626), Filósofo moderno, considerado um dos iniciadores da ciência moderna e
do empirismo inglês.
O projeto baconiano compreende duas fases, denominadas destrutiva
e fase construtiva. A primeira pretende derrubar todos os falsos
pressupostos que entravam o desenvolvimento científico. A tais noções
falaciosas acerca da realidade, Bacon denominou ídolos, no sentido
religioso de imagens falsas, divinizadas por um indivíduo ou comunidade.
Tais ídolos se dividem em quatro tipos distintos: ídolos da tribo,
oriundos do próprio modo de ser da espécie humana, que crê na verdade fornecida
pelos sentidos e procura, por uma espécie de inércia intelectual, reduzir todo
complexo a apreensões simples e genéricas; ídolos da caverna; ídolos
do foro, erros oriundos da própria linguagem, que usa palavras comuns para a
designação de entidades distintas; e ídolos do teatro, trazidos pelas
interpretações filosóficas, que substituem o mundo verdadeiro por uma
sistematização fantasiosa, ao modo de uma encenação teatral.
A segunda fase deste novo método consiste em uma reestruturação do
processo indutivo: partindo dos fatos da experiência concreta, passa-se a
formulações de ordem geral, acerca de suas causas e leis.
86. David Hume
David Hume (1711 - 1776), Filósofo
escocês, considerado o maior representante do empirismo moderno. Nasceu em
Edimburgo.
A filosofia de Hume tem seu ponto central no estudo do homem, encarado
como o único fundamento sólido para a construção de qualquer ciência. Seguindo
esta via, ele procede a uma investigação acerca do entendimento humano, totalmente
baseada, contudo, na observação e na experiência.
Para isto, inicia pelo estudo da
proveniência de nossas idéias. Hume afirma que tudo que é dado ao homem
conhecer pode ser dividido em dois tipos: impressões e idéias. As
impressões são percepções diretas, constituídas por sensações, paixões ou
emoções. As idéias, por sua vez, são pálidas cópias de impressões, mantidas
mais ou menos modificadas pela memória ou imaginação.
No âmbito do
conhecimento, Hume afirma que a atividade própria ao pensamento consiste em
estabelecer relações. A partir daí, ele elabora a distinção entre fatos
e relações. Os primeiros correspondem aos fenômenos sensíveis, enquanto
os segundos são de ordem lógica e matemática.
Da mesma maneira que procede no âmbito do conhecimento, Hume abarca as
questões morais, negando qualquer necessidade relativa ao bem ou à existência
de uma razão moral.
87.
Nietzsche
Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900), podemos caracterizar a unidade de toda a sua filosofia como uma grande
crítica aos valores ocidentais, oriundos da tradição platônica e cristã de
nossa moral e filosofia.
Desde as suas primeiras obras, o platonismo é severamente criticado
como uma forma de decadência dos nobres valores dos gregos da época trágica.
Nietzsche dirige a sua crítica ao cristianismo, que para ele é o
"platonismo para o povo", com seus valores morais de má consciência,
ressentimento e ideal ascético. Contra a escravidão do niilismo filosófico e
moral do platonismo e do cristianismo, à vontade de nada, o pensamento de
Nietzsche propõe resgatar o sentimento de plenitude e afirmação aristocrática
da vida: o super-homem.
Valorizando mais, o estado natureza do ser humano, Nietzsche afirma que
os momentos em que houve mais liberdade na humanidade, foram os dos piores ditadores,
onde o ser humano lutava para conquistá-la. Sendo ateu e defendendo este como
uma necessidade dói super-homem,sua frase mais famosa foi: “Deus morreu, nós o
matamos”.
88. A Filosofia da Ilustração
Recebe esta denominação o movimento cultural e filosófico ocorrido na
Europa, no período que vai da revolução inglesa (1688) à revolução francesa
(1789).
É possível apontar duas correntes filosóficas, em especial, como as
principais influências que contribuíram para formar a mentalidade iluminista: o
empirismo inglês e o racionalismo do século XVII.
O iluminismo herda a consciência da importância da razão para a
apropriação, mas para os iluministas, ao contrário, a razão constitui uma
faculdade formada a partir da experiência.
Esta compreensão da experiência e da importância do mundo sensível como
formadores do conhecimento, em oposição à hegemonia da mera especulação
racional, é a principal contribuição do empirismo para a formação desta
modalidade de pensamento.
A razão é encarada,
pelos pensadores do iluminismo, como a faculdade capaz de libertar o homem dos
principais inimigos de todo conhecimento e progresso: a ignorância, o
obscurantismo e a superstição. Desta
maneira, estes pensadores empreendem luta contra tudo que possa servir de
obstáculo ao livre desenvolvimento de suas possibilidades; por isso, é próprio
ao movimento elaborar considerações não apenas filosóficas, mas, sobretudo de
caráter social, ético, político e religioso.
89. Voltaire e o Iluminismo
Voltaire (1694 - 1778), pensador
moderno, considerado o introdutor do Iluminismo na França. Voltaire não pode
ser considerado um filósofo em sentido estrito, constando, antes, como um
propagador de determinadas correntes filosóficas, como o empirismo, o
ceticismo, o deísmo, o humanismo.
Seu pensamento mais próprio se encontra, contudo, voltado para a
discussão dos estados sociais.
O Bem e o Mal podem ser reconhecidos, nos modos justos ou injustos de
governo e organização dos indivíduos. A presença do mal, contudo, convoca a
razão para a tarefa de combatê-lo, o que só pode ser realizado mediante a
consideração da justiça e da felicidade particular permitida pela esfera do
coletivo.
Na consideração do processo histórico, a contribuição de Voltaire foi
decisiva. Ele elaborou a noção de espírito das nações, que tenta reunir
a complexidade e multiplicidade dos fenômenos históricos à unidade de um
espírito ou modo próprio de ser, ao redor do qual esta pluralidade de eventos
pode ser organizada e compreendida.
Esta concepção influenciou
marcadamente o pensamento histórico do período Romântico.
90. Filosofia Contemporânea
A filosofia
contemporânea é formada por diversas tendências e diferentes problemas, sem
apresentar, portanto, uma orientação comum que possa vir a caracterizar
univocamente o que seja o pensamento contemporâneo.
De modo geral, a filosofia contemporânea começa a partir da crise do
pensamento moderno. Se o pensamento moderno se funda na soberania da razão, o
contemporâneo nasce com a crítica ao racionalismo.
A filosofia
contemporânea proporciona o surgimento de um pensamento evolucionista
histórico; o surgimento de uma filosofia política, cujo propósito é não só
pensar a realidade, mas, principalmente, transformá-la socialmente.
Surgem correntes da filosofia que valorizam a vida, assim como a da
fenomenologia, do materialismo e do existencialismo; o mais importante é o
homem e sua vivência, não mais a o conhecimento abstrato.
A Filosofia Existencial
91. A fenomenologia
A fenomenologia é o
método e a filosofia que fornece os conceitos básicos para a reflexão
existencialista. A base da fenomenologia é a noção de intencionalidade, pela
qual se considera que toda a consciência é intencional, tende para algo fora de
si.
Por meio do
conceito de intencionalidade a fenomenologia se contrapõe à filosofia
racionalista presa a visão objetiva do mundo. Propõe a retomada da humanização
da ciência, estabelecendo uma nova relação entre sujeito e objeto, homem e
mundo, considerados pólos inseparáveis.
A
fenomenologia critica a filosofia tradicional por desenvolver uma teoria vazia
e abstrata, voltada para a explicação. Ao contrário, ela tem como preocupação
central à descrição da realidade, colocando como ponto de partida de reflexão o
próprio homem.
Seu objetivo é encontrar
o que realmente é dado na experiência e descrevendo o que se passa efetivamente
do ponto de vista daquele que vive determinadas situações concretas. Nesse
sentido da fenomenologia é uma a filosofia da vivencia.
92.
Edmund Husserl
Edmund Husserl (1859 - 1938), Filósofo alemão, considerado o criador da fenomenologia. Nasceu em
Prossnitz, Morávia. O pensamento de Husserl parte da necessidade de constituir
um saber absolutamente rigoroso, que sirva de modelo e fundamento a todo e
qualquer conhecimento.
Segundo Husserl, somente a filosofia, compreendida enquanto ciência absolutamente
rigorosa pode fornecer a si mesma e às demais ciências uma possibilidade
real de fundamentação. A filosofia, a fim de realizar tal tarefa, deve
prescindir dos dados empíricos do conhecimento prático, encontrando acesso à
evidência plena a partir de uma apreensão da idealidade transcendente
Por um lado, a
consciência deve ser pensada desde sua característica primeira, a intencionalidade;
ao invés de existir como um ente determinado, a consciência é pura atividade.
Esta, por sua vez, caracteriza-se como um “ir ao encontro”, de modo que não se
pode falar de consciência sem especificar “de que” a consciência trata, sem
especificar isto a que ela, constantemente, se remete.
Simultaneamente, não se pode falar em objetos
destituídos de qualquer apreensão ou relação a uma consciência. Deste modo, a
fenomenologia é um método centrado na consciência, esta compreendida desde seus
dois pólos: a consciência enquanto movimento para um objeto
93. O existencialismo
Com o nome de
existencialismo entende-se a vasta e profunda corrente de pensamento
contemporâneo, que surge e se afirma como reação e crítica ao racionalismo.
O
existencialismo - bem como idealismo clássico pós-kantiano, de que representa
uma crítica interna - tem a sua maior expressão na Alemanha (Heidegger); há
também um centro difusivo de existencialismo na França, com tendências cristãs,
mas por motivos exigências e fideístas, que são estranhos à filosofia. O
fundador do existencialismo é o dinamarquês Kierkegaard (1813-1855).
Podemos
dividir o existencialismo em duas correntes principais:
Existencialismo cristão:
Uma tentativa para superar a experiência e chegar à transcendência cristã se
encontra no pensamento de Jaspers e Barth; mas tal tentativa é baseada, não em
processo de razão, e sim em motivos exigências, fideístas. Seu maior
representante foi Gabriel Marcel.
Existencialismo
Ateu: Seu maior representante é Sartre. Segundo esta corrente ai déia de Deus é
uma desculpa para não se responsabilizar por seus atos , predomina uma visão
pessimista de Deus.
94. Kierkegaard e o Nascimento do
Existencialismo
Kierkegaard
nasceu em 5 de maio de 1813, em Copenhague, Dinamarca e é considerado pai do
Existencialismo.
Kierkegaard
não está interessado em construir uma teoria ou uma descrição genérica
do ser humano. O que lhe interessa é o existir, o fato de haver uma pessoa aqui
e agora, com tudo o que possa experimentar a sua volta. Ninguém vivencia a vida
plenamente se ficar trancado dentro de uma biblioteca, teorizando ou discutindo
sobre o que dizem que é a vida.
Muitas pessoas
tentaram provar racionalmente a existência de Deus. Mas com argumentos
racionais, perdemos nosso fervor religioso. O fundamental não é saber se o
Cristianismo é verdadeiro globalmente, o fundamental é saber se ele é
verdadeiro para mim.
Para
Kierkegaard, a verdade é subjetividade: ninguém pode se por no meu lugar. Sou
eu quem devo fazer a escolha de ser o que posso ser ou de ser uma cópia do que
se espera que eu seja, de acordo com os referencias que nos são dados por
outrem ou pela cultura. A existência é o reino do vir a ser, é o reino da
liberdade: o homem é o que ele escolhe ser quando consegue atingir um certo
grau de lucidez, ele é o que se torna.
95. Ortega y Gasset
José Ortega y
Gasset (1883 - 1955),
Filósofo espanhol. Nasceu
em Madrid. Segundo Ortega, a realidade não é um somatório de entes que
encontramos naturalmente no mundo. Antes, a realidade só pode configurar-se de
uma maneira qualquer, porque é, em última instância, perspectiva.
A perspectiva é o modo como o real, a cada vez, se organiza. O mundo do
homem não se encontra já dado de uma maneira determinada, como o habitat
animal. O mundo habitado por cada um é uma realidade em permanente mutação,
devido a seu caráter perspectivístico.
No plano da razão, Ortega promove uma distinção, a seu ver,
fundamental; é preciso considerar o homem como um ser dotado, a um só tempo, de
idéias e crenças. As primeiras constituem a maneira própria como
cada um realiza uma determinada interpretação do mundo; as segundas constituem
as interpretações impensadas, que já sempre fazem parte de nosso modo de ser,
sem que nos tenhamos dado conta, por isso afirma “Eu sou eu e minha
circunstância”
96. Martin Heidegger
Heidegger
nasceu em 1889, na Alemanha. Sua obra mais famosa é "O ser e o
tempo", neste livro se utiliza da fenomenologia para discutir e elaborar
uma teoria sobre o ser.
Para tal,
parte da análise do ser do homem, que ele denomina Dasein, que significa em
alemão "Ser ai”, ou seja, o homem é o único ser que tem a consciência de
onde está.
A partir dessa
teoria Heidegger demonstra a especificidade do ser do homem, que é a
existência. Se o homem é lançado no mundo de maneira passiva, pode tomar a
iniciativa de descobrir o sentido da existência de orientar suas ações em
direções das mais diversas. para isso dá ao nome de transcendência.
Entre as
possibilidades, o homem vislumbra uma, privilegiada: a morte. A máxima situação
limite, que é a morte, ao aparecer no cotidiano possibilita ao homem o olhar crítico
sobre sua existência. Segundo Heidegger "O homem é um ser para
morte".
Embora tenha
se preocupado com a questão da existência, recusa ser enquadrado entre os
filósofos existencialistas, argumentando que as reflexões acerca da existência
são, na sua filosofia, apenas introdução à análise do problema do ser, e não
propriamente da existência pessoal.
97. Sartre e o existencialismo ateu
Jean-Paul
Sartre nasceu em 1905 na França, sua obra principal foi "O ser e o
nada". Seu pensamento é muito conhecido e gerou, inclusive, uma moda e
existencialista, também pelo fato de ele ter se tornado um famoso romancista e
teatrólogo.
Sua obra foi
fortemente marcada pela segunda guerra mundial e pela ocupação nazista da
França. Apesar de ser marxista, nunca deixou de criticar o autoritarismo,
sobretudo quando as forças soviéticas invadiram
a Tchecoslováquia.
Sartre
pertence à ala dos filósofos existencialistas ateus. Segundo ele homem é um
animal em que a existência precede vivo a essência, isto significa que o homem
primeiramente existe, se descobre, surge no mundo; e só depois se define.
Outra
diferença entre o homem e os outros animais é que o homem é um ser livre. Se o
homem é livre, é conseqüentemente responsável por tudo aquilo que escolhe e
faz. Segundo Sartre, a liberdade não é uma escolha, mas uma imposição "O
homem é condenado a ser livre".
98. Gabriel Marcel e o Existencialismo Cristão
Gabriel-Honoré
Marcel (1889-1973), filósofo e dramaturgo francês de renome internacional
nasceu em 7 de dezembro de 1889 e faleceu em 8 de outubro de 1973, em Paris. Em
1929 converte-se ao catolicismo e testemunha no batismo: “... nenhuma
exaltação, mas um sentimento de paz, de equilíbrio, de esperança, de fé.”.
Marcel
participou da Cruz Vermelha na primeira guerra mundial quando convive com a
triste realidade da desolação e isto o levou a valorizar a existência concreta:
pensar, julgar, formular parecem-lhe traição à realidade, o que realmente conta
é este indivíduo real que eu sou, com toda singularidade, que vive sua experiência,
ele só e nenhum outro.
O ser humano
pode escolher duas opções “Viver” ou “existir”, algumas pessoas somente vivem,
como qualquer outro ser, existir é procurar fazer a vida valer a pena. O mundo
atual é o do TER, você é o que possui, mas para existir é necessário SER, ou
seja, o importante é o que você é.
99.
Maurice Merleau-Ponty
Maurice Merleau-Ponty (1908 - 1960), Filósofo francês, considerado um dos maiores representantes do
existencialismo neste país. O pensamento de Merleau-Ponty se encontra marcadamente
influenciado pela fenomenologia de Edmund Husserl. Deste modo, seu propósito
último é abolir as antinomias criadas pela filosofia moderna, entre sujeito e
objeto.
O corpo possui a característica de ser, a um só tempo, sensível e
senciente, vidente e visível; desta forma, ele é o lugar de realização da
unidade pré-reflexiva eu-mundo. Supera-se, através da concepção de corpo, à
distância entre estas duas noções, uma vez que elas se compenetram no corpo;
ele sabe, de maneira atemática, tocar, uma vez que é no modo de ser de
uma coisa tocável.
O corpo é doador de sentido; nele, a matéria
é, sempre e necessariamente, transcendente, ela aponta um mais além que
jamais podemos esgotar. O sentido pertence ao corpo como seu duplo, sua dobra
incorporal e transcendente.As palavras são modulações do sentido presente em
todo âmbito da existência humana. Como tal, a linguagem não pode ser concebida
como algo que se utiliza; ela deve ser habitada, encarnada por todos
aqueles que falam, de modo a instalar-se nela e, assim, exercê-la.
100. A relação intersubjetiva
Uma das
propostas do existencialismo está na mudança da forma que o ser humano tem de
se relacionar um como outro, a nova proposta deram o nome de relação
intersubjetiva, isto é, de sujeito para sujeito.
Na relação
intersubjetiva, o desejo não nos impulsiona apenas para alcançar o outro como
um objeto. Mais que isso, exige, sobretudo o reconhecimento do outro. O ser
humano não deseja apropriar-se de uma coisa: deseja capturar consciência do
outro, ou seja, reconhecendo no outro um ser humano e não um objeto.
Além disso, os
relacionamentos, sejam de amizade ou amor são convites para saímos de nós
mesmos. Se a pessoa estiver muito voltada para si mesma não é capaz de ouvir o
apelo à intersubjetividade. É isso que acontece com a criança, que procuram com
naturalidade a que melhor prende suas necessidades.
Na
adolescência é muito comum o egocentrismo, por isso o adolescente muitas vezes
não ama propriamente o outro, de carne e osso, mas a ama o amor. Isto com tempo,
vai mudando. O exercício do amor é conquista da maturidade.
A Liberdade
101. Conceito de liberdade
O que a
liberdade? Tanto já se pensou, se discutiu e se escreveu a respeito da liberdade,
e, no entanto, há tão pouco consenso sobre esse tema, o que procuramos ver são
os conceitos que, mais foram usados no decorrer da história. Apesar das
dificuldades é possível tecer alguns esclarecimentos sobre o tema.
Do latim
"libertate", é a faculdade de cada um decidir o agir segundo a sua
própria determinação; poder de agir, no seio de uma sociedade organizada,
segundo a própria a determinação e, dentro dos limites impostos por normas
definidas; faculdade de praticar tudo quanto não é proibido por lei.
O problema
consiste quer na determinação dos limites que sejam garantia de desenvolvimento
das potencialidades do homem no seu conjunto, quer na definição das
potencialidades que caracterizam a humanidade na sua essência, concedendo a
liberdade como efetivo exercício dessas potencialidades.
São três, as
principais definições de liberdade que temos até hoje: a aristotélica, que
afirma que a liberdade é agir sem restrições; a estóica, que afirma que a
liberdade está condicionada ao desejo da totalidade, e a teoria da
possibilidade objetiva, onde se pode fazer o que quiser, mas com
responsabilidade.
102. Liberdade e determinismo
Segundo a
teoria determinista de liberdade, tudo que existe tem uma causa. O mundo pelo
princípio do determinismo é o da necessidade de e não da liberdade. Necessário
significa tudo aquilo que tem de ser e não pode deixar de ser.
O ser humano é
assim, segundo essa teoria, apenas um efeito causado pela ordem das leis
determinadas no universo no qual está imerso, possuindo um papel singular, e
lhe cabe, numa certa faixa, um poder determinante, do qual causa original.
Contrapondo-se
ao determinismo, há várias teorias que enfatizam a possibilidade da liberdade
humana absoluta, do livre-arbítrio, segundo o qual o homem tem o poder de
escolher um ato ou não, independente das forças que o constrange.
O que ocorre é que não
pode haver liberdade sem regras determinadas, é importante entender que a
liberdade não pode ser vista apenas do ponto de vista teórico, pois ele trata do
homem situado, do homem enquanto ser de relação.
103. Liberdade e destino na Grécia
Se observarmos
os mitos gregos vamos perceber que a questão do destino está sempre presente
como é o caso de vários heróis que embora tentasse fugir do seu destino de uma
forma de outra acabam realizando o que havia sido profetizado pelos oráculos
(adivinhos).
As moiras, divindades
da mitologia grega, são três irmãs que dirigem o movimento das esferas
celestes, a harmonia do mundo e a sorte dos mortais. Elas presidem o destino
(moira em grego) e dividem entre si as diversas funções: Cloto, que significa
"Fiar", tece os fios dos destinos; Laquésis que significa
"Sorte" põe o fio no tapete; Átropos, ou seja,
"Inflexível", impiedosamente corta o fio que mede a vida de cada
mortal.
Está implícita
neste mito a idéia de que ação humana e se acha ligada aos desígnios divinos.
Os deuses são quem decidiam o futuro de mortais; esta idéia só vai ser rompida
com a chegada da filosofia e com a invenção da política onde o destino do homem
e da cidade está nas suas próprias mãos.
104. Liberdade, religião e ateísmo.
Todos os filósofos que
acreditam na existência de Deus, afirmam a existência de um homem capaz de
tomar decisões autônomas, senhor de sua atividade livre. No entanto, toda a
causalidade livre de cada indivíduo particular está totalmente subordinada a Deus,
como está subordinado a ele tudo que é real.
Para Santo
Agostinho liberdade humana e graça divina são absolutamente compatíveis. A
liberdade encontra sua plena perfeição sobre influência de Deus. A liberdade
plena e perfeita é sempre ato que provêm totalmente da graça divina antes de
ser resultado da atividade da mente humana.
Em Nietzsche e
seus sucessores existencialista ateus, a liberdade do homem é afirmada com a
"Morte de Deus" e a recusa de um projeto de vida endossado
antecipadamente pela graça divina. Para Sartre o homem é o ser pelo qual o nada
vem ao mundo. Isto é, o homem é nada, conseqüentemente, pode e deve escolher a
si mesmo. É um projeto, um perpétuo fazer-se, é uma escolha a partir da
liberdade .
Desse modo
fica claro que a condição humana é incompatível com uma possível realidade
criadora. Deus se revela perfeitamente desnecessário diante de um homem
abandonado no mundo.
105. Concepção aristotélica de
liberdade
A primeira grande teoria
filosófica da liberdade é exposta por Aristóteles em sua obra a ética a
Nicômaco, com variantes, através dos séculos, chegando até o século 20, quando
foi retomada por Sartre. Nessa concepção, a liberdade se opõe ao que é
condicionado e externamente de e ao que acontece sem escolha deliberada.
Diz Aristóteles que é
livre aquele que tem em si o princípio para agir ou não agir, isto é, aquele
que é causa interna de sua ação ou de sua decisão de não agir. A liberdade é
concebida como poder pleno de incondicional da vontade para determinar a si
mesma o para ser o alto determinado.
Sartre levou essa
concepção ao ponto limite. Para ele, a liberdade é a escolha incondicional que
o próprio homem faz de si mesmo e do mundo. Quando julgamos estar sobre o poder
de forças externas mais poderosas que a nossa vontade, esse julgamento é uma
decisão livre, pois outros homens, nas mesmas circunstâncias, não se curvaram.
Por isso, Sartre afirma
que estamos condenados à liberdade. é ela que define a humanidade dos humanos,
somos agentes livres tanto para ter quanto para perder a felicidade.
106. Concepção estóica-hegeliana liberdade
Essa concepção foi
inicialmente desenvolvida por uma escola de filosofia grega chamada de
estoicismo, que defendiam a aceitação do sofrimento para felicidade humana.
Posteriormente será retomada no século 17 pelo filósofo Spinoza e no século 19
com Hegel e Marx.
Esta concepção conserva
também a idéia de que é livre aquele que age sem ser forçado nem constrangido
por nada o por ninguém e, portanto, agem movidos espontaneamente por uma força
interna própria.
A diferença entre esta
teoria e a aristotélica está no fato de que não coloca a liberdade no fato de
escolha realizado pela vontade individual, mas na atividade do todo, do qual os
indivíduos são partes. Este todo pode ser a natureza, para os estóicos e
Spinoza ou a formação histórico social para Marx e Hegel.
Desta forma é livre todo
sujeito que é agi em conformidade com as leis do todo, para o bem da
totalidade. Todos somos parte da mesma essência, liberdade não é assim
escolher, mas agir em conformidade com a natureza.
107. Liberdade e possibilidade objetiva
Esta é a concepção de
liberdade mais aceita pelos pensadores da atualidade, afirma que não temos um
poder incondicional de escolha de quaisquer possíveis, mas que nossas escolhas
são condicionados pelas circunstâncias naturais, psíquicas, o culturais e
históricas em que vivemos.
Esta concepção de
liberdade introduz a noção de possibilidade objetiva. O possível não é apenas
alguma coisa sentido ou percebida subjetivamente por nós, mas é também e,
sobretudo alguma coisa inscrita no coração da necessidade, indicando que curso
de uma situação pode ser mudado por nós, em certas direções e sob certas
condições.
Podemos definir liberdade
nesse sentido como, a capacidade para perceber tais possibilidades e o poder
para realizar aquelas ações que mudam o curso das coisas, dando-lhe outra
direção ou outro sentido. Seria uma liberdade situada que envolve a
responsabilidade para consigo mesmo para com outro e para com o mundo.
108. A dimensão social da liberdade
Ao nos referimos ao
caráter social da liberdade nos contrapomos à idéia individualista de liberdade
herdada da tradição liberal burguesa. Num primeiro momento, o social é
resultado da herança cultural, o social que aqui encontramos é justamente condição
de transcendência e expressão de nossa liberdade.
Isso significa
que é impossível a liberdade fora da comunidade dos homens. As relações entre
os homens não são de sujeito para objeto, mas se de intersubjetividade, ou
seja, de sujeito para sujeito. Os homens não estão simplesmente uns o ao lado
dos outros, mas são feitos uns pelos outros: o homem se humaniza pelo trabalho,
cuja ação é social. Daí não podermos falar do homem como uma "Ilha".
Portanto, a
liberdade individual surge como ponto de partida e ponto de chegada, onde os
alicerces são as relações possíveis entre as pessoas. A expressão clássica
dessa concepção é: "A liberdade de cada um é limitada unicamente pela
liberdade dos demais".
O problema é
que na nossa sociedade os homens não são tão iguais assim, e, portanto, "A
liberdade de escolha" não é tão "Livre" quanto se poderia
imaginar. Na verdade as condições de escolha já estão predeterminadas e
reduzidas conforme a condição social de cada um.
109. Evolução tecnológica e
liberdade
Nem todo mundo
vê na tecnologia a solução para que o homem seja cada vez mais livre. Nesse
cenário pessimista, o homem aparece como escravo da sua própria criação.
A tecnologia escapa seu controle, cai nas mãos
de grupos minoritários, movidos por interesses particulares, que a utilizam
muitas vezes de forma inescrupulosa para favorecer e beneficiar apenas um
número restrito de pessoas, em detrimento de uma maioria facilmente
manipulável, seduzida por uns poucos atrativos exercidos pelos produtos da moda
e tecnologia.
A despeito das
dificuldades que deverão ser superadas em função gradual da extinção do
trabalho humano, em sua forma tradicional, e o conseqüente desemprego
estrutural, é necessário perceber esse processo uma oportunidade de um homem
com mais tempo livre para investir em si mesmo, em busca de mais conhecimento.
Ao humanização da
tecnologia se fundamenta na ação livre e responsável do homem na tomada de
decisões para o redirecionamento do seu próprio futuro. Está nas mãos de cada
homem particular, e da sociedade como um todo, o destino da humanidade e a
possibilidade de uma existência pacífica e harmoniosa.
110. A liberdade Hoje
Certos
conceitos por ter seu uso exacerbado culminam, inexoravelmente, em deturpação
de seu conteúdo original. A modernidade social e tecnológica e o senso da
novidade e da eterna juventude intelectual são um excelente adubo a esses
desvios conceptuais, que geram profundas transformações de mentalidade e de
comportamento.
É o que ocorre
com o conceito de liberdade, nos tempos que estamos vivendo. A liberdade
ontológica, inerente à própria condição humana, banalizou-se e perdeu a sua
essência, o seu eixo semântico. O sentido atual de liberdade vulgarizou-se,
depreciou-se, esvaziou-se, pouco tem a ver com a verdadeira liberdade que
identifica e distingue o homem no reino da vida.
Surgiu a
vigência soberana da falsa liberdade. Em todos os setores da sociedade isso se
faz sentir, com as lamentáveis e desastrosas conseqüências, principalmente na
ética, ou na moral.
A liberdade de
pensamento e de atitude científica precisa acontecer, sim, mas de forma lúcida
e equilibrada, sempre com o controle da razão, da consciência crítica e
esclarecida, da consciência madura e superior. A liberdade, em seu sentido
pleno, reto, responsável, é parceira do compromisso.
A Estética
111. O conceito de estética
Fazendo um levantamento
do uso comum da palavra estética encontramos: instituto de estética e
cosmetologia, estética corporal, estética facial etc. Essas expressões dizem
respeito a beleza física.
Resta, ainda, outro
significado, mais específico, usado no campo da filosofia. Sob o nome de
estética enquadramos um ramo da filosofia que estuda o belo e o sentimento que
suscita nos homens.
A estética é a disciplina
filosófica que se ocupam com a investigação racional do belo e com a análise
dos sentimentos por ele provocados. à medida que a arte passou a ser entendida
como canal de expressão e da beleza e do belo e, também passou a ser alvo das
reflexões estéticas.
Podemos definir a
estética como filosofia da arte, ciência do belo e que estuda as leis gerais da
crítica e do gosto, aplicadas a avaliação e a apreciação dos produtos da
inteligência humana sob o ponto de vista e artístico.
Etimologicamente, a
palavra estética vem do grego aithesis, com o significado de
"Faculdade do sentir", ou seja, designa conhecimento efetivado de,
pela sensibilidade e experiência.
112. A estética e a arte
A palavra arte vem do
latim ars que corresponde ao termo grego techne, técnica,
significando: o que é ordenado ou toda espécie de atividade humana submetidas a
regras.
Nessa perspectiva,
falamos em arte medicina, arte política, arte poética. Platão não as distinguia
das ciências nem da filosofia, uma vez que estas, como arte, são atividades
humanas ordenadas e regradas. Aristóteles, porém, estabeleceu duas distinções,
a arte do necessário, isto é, a ao que não pode ser diferente do que é
(medicina, agricultura, escultura etc.) e arte do possível (pintura, escultura,
teatro).
Essa distinção é
acentuada no final do século 17, quando separaram as artes em:
Artes mecânicas: que tem
um fim útil aos homens, que seriam as artes do necessário.
Belas artes: que tem como
fim o belo, seria a arte do possível, agora resumida em sete: pintura,
escultura, arquitetura, poesia, música, teatro e dança.
As artes tornam-se é
assim trabalho da expressão e mostram, que desde que surgiram à primeira vez
foram inseparáveis da ciência e da técnica. Por exemplo, a pintura e
arquitetura na renascença não são compreensíveis sem a matemática e a teoria e
da harmonia e das proporções.
113. A arte e a religião
As duas primeiras
manifestações culturais foram, o trabalho e a religião. Ambos instituíram as
primeiras formas da sociabilidade e, vida comunitária, a autoridade e poder
religioso. Ambos instituíram o símbolo de organização humanos espaço e do
tempo, do corpo e do Espírito.
Mais do que isso, a
relação com o sagrado, o qual organizar espaço e tempo e o sentimento da
comunhão ou separação entre os humanos e a natureza e deles com divino, simbolizou
o todo da realidade e pelas sacralização, assim todas as atividades humanas
assumiram a formas de rituais.
Assim as artes surgem no
interior dos cultos e para servi-los. O artista era mago, iniciado no ofício
sagrado e na qualidade de mago, artífice e detentor de um ofício que realizava
sua arte.
A dimensão religiosa deu
aos objetos artísticos e as obras de arte uma qualidade chamada de
"Aura". A aura é a absoluta singularidade de um ser, sua condição de
exemplar um único que se oferece num aqui e agora irrepitível, sua qualidade de
eternidade e fugacidade simultâneas.
Passando do divino ao
belo, as artes não perderam o que a religião lhes dera: a aura. Não por acaso,
o artista ainda é visto como gênio criador e sujeito excepcional.
114. Arte e Filosofia
Do ponto de vista da
filosofia, podemos falar de dois grandes momentos de teorização da arte. No
primeiro, inaugurado por Platão e Aristóteles, a filosofia trata as artes sob a
forma de poética; no segundo, a partir do século XVIII, sob a forma da estética.
A arte poética é o nome
de uma obra de Aristóteles sobre as artes da fala e da escrita, do canto e da
dança. A palavra poética é tradução de poesis, que significa fabricação. Arte
poética estuda as obras de arte como fabricação de seres e gestos artificiais, isto
é, produzidos por seres humanos.
A palavra estética foi
empregada pela primeira vez para referir-se às artes por volta de 1750. A noção
formulada e desenvolvida nesta época pressuponha:
I.
Que a arte é produto da sensibilidade, da imaginação e
da inspiração do artista e que sua finalidade é a contemplação.
II.
Que a contemplação, do lado do artista, é à busca do
belo (e não do útil, nem do agradável ou prazeroso) e, do lado público, é a
avaliação ou julgamento do valor de beleza atingido pela obra;
III.
Que o belo é diferente do verdadeiro.
115. A arte e a Natureza
A primeira e mais antiga
relação entre arte e Natureza proposta pela filosofia foi o da imitação:
“Arte imita a Natureza”, escreve Aristóteles. A obra de arte resulta da
atividade do artista para imitar outros seres por meio de sons, sentimentos,
cores, volumes, etc. O valor da obra decorre da habilidade do artista.
A partir do Romantismo, a
filosofia passa a definir a obra de arte como criação. Enquanto na
concepção anterior o valor era buscado no objeto copiado, agora o valor é
localizado na figura do artista como gênio criador e imaginação criadora.
A arte não imita nem
reproduz a Natureza, mas liberta-se dela, criando uma realidade puramente
humana e espiritual: pela atividade livre do artista, a fantasia, os homens se
igualam à ação criadora de Deus.Em resumo, a estética da criação corresponde ao
momento em que a filosofia separa o homem da natureza.
A terceira concepção,
nossa contemporânea, concebe a arte como expressão e construção. A obra de arte
não é pura receptividade imitativa ou reprodutiva, mas expressão de um sentido
novo, escondido mundo, e um processo de construção em que o artista colabora
com a Natureza.
116. A noção de belo
O homem é o único ser
vivo capaz de experimentar emoções estéticas, bem como compreender e apreciar o
belo e as coisas belas sem qualquer finalidade utilitária apenas para deleitar
e se contentar.
Inicialmente, o belo é
entendido como manifestação do bem. Para Platão, a idéia de beleza é a mais
evidente a é tudo aquilo que atrai o homem. Por meio dela, do encantamento e do
amor que ela produz, o homem se movimenta em busca das demais idéias.
O belo também é
conceituado como manifestação da verdade. Dessa maneira, é no domínio da arte
que o espírito absoluto se manifesta. O belo é a aparição sensível desse
espírito enquanto a verdade é a manifestação objetiva e universal. Daí beleza e
verdade serem uma única e mesma coisa.
Para Aristóteles o belo é
entendido e com simetria, fora da e grandeza coordenadas harmonicamente entre
si.
A partir do século 18, o
belo é conceituado como perfeição expressiva e, como tal, fundamento das
teorias da arte como expressão.
117. O naturalismo grego
O naturalismo constitui
uma noção fundamental que marcou profundamente toda a parte ocidental desde a
Grécia antiga até o século 19. O naturalismo pode ser definido como ambição de
colocar diante do observador uma semelhança convincente das aparências reais
das coisas.
Dentre da atitude
naturalista, podemos distinguir algumas variações, dentre as quais as mais
importantes são o realismo e o idealismo:
Realismo: mostra o mundo
como é, nem melhor nem pior. É característico, por exemplo, da arte
renascentista do século 15.
Idealismo: retrata o
mundo nas suas condições mais favoráveis. Na verdade, retrata um mundo como
gostaríamos que fosse. É o padrão da arte grega, que não retrata pessoas reais,
mais pessoas e idealizadas.
Na Grécia antiga não
havia a idéia de artista, no sentido que empregamos hoje, uma vez que arte
estar integrada à vida. As obras de arte desta época eram utensílios (vasos, os
copos, templos etc.), assim que o fazia era considerado um trabalhador manual.
O conceito de arte era baseado na imitação.
118. A estética medieval
Na Europa ocidental,
durante a Idade Média, não houve grande interesse pelas artes que, como coisas
terrenas ligadas à cultura pagã, poderiam prejudicar o fortalecimento da alma e
do Espírito.
Entretanto, em virtude do
analfabetismo mais ou menos generalizado das populações dos feudos, a igreja utiliza-se
da pintura e da escultura para fins didáticos, ou seja, para ensinar a religião
e infundir o temor do julgamento final e das penas do inferno.
As obras de arte assumem
a condição de símbolos que manifestam a natureza divina e canaliza uma devoção
do homem para o Deus supremo. Por isso, a postura naturalista é abandonada em
prol da estilização, isto é, da
simplificação dos traços.
A arte bizantina do mesmo
período se preocupa com a expressão religiosa e com a tradução da teologia em
forma de arte, abolindo a representação tridimensional em pinturas e mosaicos,
preferindo a as figuras chapadas, as vestes destas eram representadas por
linhas sinuosas.
O conceito de beleza,
enquanto a operação dos objetos ao que deve ser, pressupõe conceito anterior de
ordem ideal, dado por iluminação divina. É esse mesmo conceito que fundamenta a
objetividade do julgamento da beleza, donde se podem criar normas para produção
do belo.
119. Kant e a crítica do juízo estético
Kant dividiu a beleza em
duas espécies: a beleza livre, que não depende de nenhum conceito de perfeição
ou uso; e a beleza dependente, que depende desses conceitos. Os juízos
estéticos estão relacionados com a primeira espécie de beleza.
A experiência do belo se
dá no sensível e independente de qualquer tipo de interesse de outro tipo
"O gosto é a faculdade de julgar objeto ou um modo de representação por
uma satisfação ou insatisfação inteiramente independente do interesse. Ao
objeto dessa satisfação chama-se belo".
Assim, para Kant, a
beleza reside primeiramente na atitude desinteressada do sujeito, em relação
qualquer experiência. O que garante a universalização dos juízos estéticos é o
fato todos os homens têm a mesma faculdade de julgar, assim como a razão é
também idêntica para todos.
Esta sua teoria está
explicado no seu livro “crítica do juízo” escrito em 1790, onde procura
expressar de maneira lógica muitas idéias e julgamentos sobre o que chama de
juízo estético.
120. Cinema e Televisão
Vivemos na época da
comunicação áudio visual, os dois maiores representantes na arte nesta época são
o cinema e a televisão. A diferença esta no fato de que a televisão se
preocupa, mais com os investimentos, mercados e propaganda.
A televisão é um meio
técnico de comunicação à distância, que empresta do jornalismo a idéia de
reportagem e notícia. Do ponto de vista do receptor, o aparelho televisor é um
eletrodoméstico, como o liquidificador ou a geladeira.
Podemos dizer assim, que
o cinema é a forma contemporânea de arte: a da imagem sonora em movimento. Nele
a câmera capta uma sociedade complexa múltipla e diferenciada.
Como o livro, o cinema
tem o poder extraordinário a, próprio da obra de arte, de tornar presente o
ausente e, verdade e fantasia, reflexão e devaneio.
Nele a
criatividade do diretor é expressividade dramática ou cômica dos atores podem
manifestar-se e oferecessem plenamente ao público, sem distinção étnica,
sexual, religiosa ou social.
Prof. Ed Carlos H. Batista - Filosofia