sexta-feira, 8 de maio de 2020

NÚCLEO ESPECÍFICO: FILOSOFIA - 1 ANO / 1 TERMO ENSINO MÉDIO

NÚCLEO ESPECÍFICO

 

 

TURMA

1a SÉRIE E/M e 1ºTERMO - EJA

DISCIPLINA: FILOSOFIA

 

 CONTEÚDOS:

 

    Núcleo Específico

 

                        I.        Por que estudar Filosofia?

                       II.        As áreas da Filosofia

 

 

“Na filosofia, pois, aprendemos a analisar os elementos que compõem a existência do ‘ser-no-mundo’, isto porque há em nós uma inquietação existencial congênita. Ao filosofar avivamos nossa própria luz interior, fazemos um exercício de aproximação e de encontro com o que é buscado. Há, pois, o descobrimento e o diálogo, em busca do conhecimento. Por isso, a filosofia é o conhecimento do conhecimento. Aí está a sua diferença com relação à ciência. Enquanto esta trata dos dados experimentais da realidade, a filosofia trata das idéias, conceitos ou representações mentais daquela mesma realidade. De urna certa forma, a filosofia se ocupa dos mesmos objetos da ciência. Mas, aí está a grande diferença: de uma certa forma. Para a filosofia o que importa é a natureza do conhecimento, o seu processamento: O que vem a ser? Como se realiza? Para que se dirige e em que se torna? Ponderar o seu valor e dar-lhe uma expressão conveniente, ordenando e sistematizando a conceituação que o compõe: aí esta o seu objetivo. O ser racional é plenamente consciente do seu saber, o que lhe permite utilizá-lo de modo intencional. (Filosofia para jovens – Maria L. S. Teles)

A NATUREZA DA FILOSOFIA

As evidências do cotidiano

Em nossa vida cotidiana, afirmamos, negamos, desejamos, aceitamos ou recusamos coisas, pessoas, situações. Fazemos perguntas como "que horas são?", ou "que dia é hoje?". Dizemos frases como "ele está sonhando", ou "ela ficou maluca". Fazemos afirmações como "onde há fumaça, há fogo", ou "não saia na chuva para não se resfriar". Avaliamos coisas e pessoas, dizendo, por exemplo, "esta casa é mais bonita do que a outra" e "Maria está mais jovem do que Glorinha". Numa disputa, quando os ânimos estão exaltados, um dos contendores pode gritar ao outro: "Mentiroso! Eu estava lá e não foi isso o que aconteceu", e alguém, querendo acalmar a briga, pode dizer: "Vamos ser objetivos, cada um diga o que viu e vamos nos entender". Também é comum ouvirmos os pais e amigos dizerem que somos muito subjetivos quando o assunto é o namorado ou a namorada. Freqüentemente, quando aprovamos uma pessoa, o que ela diz, como ela age, dizemos que essa pessoa "é legal!".

 

Vejamos um pouco mais de perto o que dizemos em nosso cotidiano. Quando pergunto "que horas são?" ou "que dia é hoje?", minha expectativa é a de que alguém, tendo um relógio ou um calendário, me dê a resposta exata. Em que acredito quando faço a pergunta e aceito a resposta? Acredito que o tempo existe, que ele passa, pode ser medido em horas e dias, que o que já passou é diferente de agora e o que virá também há de ser diferente deste momento, que o passado pode ser lembrado ou esquecido, e o futuro, desejado ou temido. Assim, uma simples pergunta contém, silenciosamente, várias crenças não questionadas. Quando digo "ele está sonhando", referindo-me a alguém que diz ou pensa alguma coisa que julgo impossível ou improvável, tenho igualmente muitas crenças silenciosas: acredito que sonhar é diferente de estar acordado, que, no sonho, o impossível e o improvável se apresentam como possível e provável, e também que o sonho se relaciona com o irreal, enquanto a vigília se relaciona com o que existe realmente. Acredito, portanto, que a realidade existe fora de mim, posso percebê-la e conhecê-la tal como é, sei diferenciar realidade de ilusão. Como se pode notar, nossa vida cotidiana é toda feita de crenças silenciosas, da aceitação tácita de evidências que nunca questionamos porque nos parecem naturais, óbvias. Cremos no espaço, no tempo, na realidade, na qualidade, na quantidade, na verdade, na diferença entre realidade e sonho ou loucura, entre verdade e mentira; cremos também na objetividade e na diferença entre ela e a subjetividade, na existência da vontade, da liberdade, do bem e do mal, da moral, da sociedade.

 

A atitude filosófica

 

Imaginemos, agora, alguém que tomasse uma decisão muito estranha e começasse a fazer perguntas inesperadas. Em vez de "que horas são?" ou "que dia é hoje?", perguntasse: O que é o tempo? Em vez de dizer "está sonhando" ou "ficou maluca", quisesse saber: O que é o sonho? A loucura? A razão? Se essa pessoa fosse substituindo sucessivamente suas perguntas, suas afirmações por outras: "Onde há fumaça, há fogo", ou "não saia na chuva para não ficar resfriado", por: O que é causa? O que é efeito?; "seja objetivo", ou "eles são muito subjetivos", por: O que é a objetividade? O que é a subjetividade?; "Esta casa é mais bonita do que a outra", por: O que é "mais"? O que é "menos"? O que é o belo? Em vez de gritar "mentiroso!", questionasse: O que é a verdade? O que é o falso? O que é o erro? O que é a mentira? O que é a ilusão? Se, em vez de falar na subjetividade dos namorados, inquirisse: O que é o amor? O que é o desejo? O que são os sentimentos? Se, em lugar de discorrer tranqüilamente sobre "maior" e "menor" ou "claro" e "escuro", resolvesse investigar: O que é a quantidade? O que é a qualidade? E se, em vez de afirmar que gosta de alguém porque possui as mesmas idéias, os mesmos gostos, as mesmas preferências e os mesmos valores, preferisse analisar: O que é um valor? O que é um valor moral? O que é um valor artístico? o que é a moral? O que é a vontade? O que é a liberdade? Alguém que tomasse essa decisão estaria tomando distância da vida cotidiana e de si mesmo, teria passado a indagar o que são as crenças e os sentimentos que alimentam, silenciosamente, nossa existência. Ao tomar essa distância, estaria interrogando a si mesmo, desejando conhecer por que cremos no que cremos, por que sentimos o que sentimos e o que são nossas crenças e nossos sentimentos. Esse alguém estaria começando a adotar o que chamamos de atitude filosófica. Assim, uma primeira resposta à pergunta "O que é Filosofia?" poderia ser: a decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-los sem antes havê-los investigado e compreendido. Perguntaram, certa vez, a um filósofo: "Para que Filosofia?". E ele respondeu: "Para não darmos nossa aceitação imediata às coisas, sem maiores considerações".

 

A atitude crítica

 

A primeira característica da atitude filosófica é negativa, isto é, um dizer não ao senso comum, aos pré-conceitos, aos pré-juízos, aos fatos e às idéias da experiência cotidiana, ao que "todo mundo diz e pensa", ao estabelecido. A segunda característica da atitude filosófica é positiva, isto é, uma interrogação sobre o que são as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos. É também uma interrogação sobre o porquê disso tudo e de nós, e uma interrogação sobre como tudo isso é assim e não de outra maneira. O que é? Por que é? Como é? Essas são as indagações fundamentais da atitude filosófica. A face negativa e a positiva da atitude filosófica constituem a atitude crítica e pensamento crítico. A Filosofia começa dizendo não às crenças e aos preconceitos do senso comum e, portanto, começa dizendo que não sabemos o que imaginávamos saber; por isso, o patrono da Filosofia, o grego Sócrates, afirmava que a primeira e fundamental verdade filosófica é dizer: "Sei que nada sei". Para o discípulo de Sócrates, o filósofo grego Platão, a Filosofia começa com a admiração; já o discípulo de Platão, o filósofo Aristóteles, acreditava que a Filosofia começa com o espanto. Admiração e espanto significam: tomamos distância do nosso mundo costumeiro, através de nosso pensamento, olhando-o como se nunca o tivéssemos visto antes, como se não tivéssemos tido família, amigos, professores, livros e outros meios de comunicação que nos tivessem dito o que o mundo é; como se estivéssemos acabando de nascer para o mundo e para nós mesmos e precisássemos perguntar o que é, por que é e como é o mundo, e precisássemos perguntar também o que somos, por que somos e como somos.

 

 

A indagação Filosófica

 

Basicamente, a filosofia, em suas diversas vertentes e ocupações, se resume a algumas características comuns:

·        perguntar o que a coisa, ou o valor, ou a idéia, é. A Filosofia pergunta qual é a realidade ou natureza e qual é a significação de alguma coisa, não importa qual;

·        perguntar como a coisa, a idéia ou o valor, é. A Filosofia indaga qual é a estrutura e quais são as relações que constituem uma coisa, uma idéia ou valor;

·        perguntar por que a coisa, a idéia ou o valor, existe e é como é. A Filosofia pergunta pela origem ou pela causa de uma coisa. de uma idéia, de um valor.

 

            A atitude filosófica inicia-se dirigindo essas indagações ao mundo que nos rodeia e às relações que mantemos com ele. Pouco a pouco, porém, descobre que essas questões se referem, afinal, à nossa capacidade de conhecer, à nossa capacidade de pensar. Por isso, pouco a pouco, as perguntas da Filosofia se dirigem ao próprio pensamento: o que é pensar, como é pensar, por que há o pensar? A Filosofia torna-se, então, o pensamento interrogando-se a si mesmo. Por ser uma volta que o pensamento realiza sobre si mesmo, a Filosofia se realiza como reflexão.

A Filosofia não é ciência: é uma reflexão crítica sobre os procedimentos e conceitos científicos. Ela é a mãe de todas às Ciências! Não é religião: é uma reflexão crítica sobre as origens e formas das crenças religiosas. Não é arte: é uma interpretação crítica dos conteúdos, das formas, das significações das obras de arte e do trabalho artístico. Não é sociologia nem psicologia, mas a interpretação e avaliação crítica dos conceitos e métodos da sociologia e da psicologia. Não é política, mas interpretação, compreensão e reflexão sobre a origem, a natureza e as formas do poder. Não é história, mas interpretação do sentido dos acontecimentos enquanto inseridos no tempo e compreensão do que seja o próprio tempo. Conhecimento do conhecimento e da ação humanos, da transformação temporal dos princípios do saber e do agir, conhecimento da mudança das formas do real ou dos seres, a Filosofia sabe que está na História e que possui uma história.

 

Elementos Históricos e Conceituais

 

Entre os antigos gregos predominava inicialmente a consciência mítica, cuja maior expressão se encontra nos poemas de Homero e Hesíodo. Quando se dá a passagem da consciência mítica para a racional, aparecem os primeiros sábios, sophos, como se diz em grego. Um deles, chamado Pitágoras, que também era matemático, usou pela primeira vez a palavra filosofia, que significa "Amor à sabedoria". É bom observar que a própria etimologia mostra que a filosofia não é puro logos, pura razão: ela é a procura amorosa da verdade.

Para Platão, a primeira virtude do filósofo é admirar-se. A admiração é a condição de onde deriva a capacidade de problematizar, que marca filosofia não como posse da verdade, mas como sua busca. Para Kant, filósofo alemão, "Não há filosofia que se possa aprender; só se pode aprender a filosofar". Isto significa que a filosofia é, sobretudo uma atitude, um pensar permanente. É um conhecimento instituinte, no sentido de que questiona o saber e instituído.

 

Podemos definir filosofia como o estudo geral sobre a natureza de todas as coisas e suas relações entre si; os valores, o sentido, os fatos e princípios gerais da existência, bem como a conduta e destino do homem.

 

 A Filosofia e a Ciência

 

No seu começo, a ciência estava ligada à filosofia, sendo o filósofo o sábio que refletia sobre todos setores da indagação humana. Neste sentido, os filósofos Tales e Pitágoras eram também geômetras, e Aristóteles escreveu sobre física e astronomia. A partir do século 17, a revolução iniciada por Galileu Galilei promove a autonomia da ciência e seu desligamento da filosofia. Pouco a pouco, até o século 20, aparecem as chamadas ciências particulares (física, astronomia, química, biologia, etc) delimitando um campo específico de pesquisa.

Ora, a filosofia continua tratando da mesma realidade apropriada pelas ciências. Apenas que as ciências se especializam e observam recortes do real, enquanto a filosofia jamais renuncia a considerar o seu objeto do ponto de vista da totalidade. A filosofia ainda se diferencia da ciência pelo modo como trata seu objeto: a filosofia está presente como reflexão crítica a respeito dos fundamentos do conhecimento e do agir. Portanto, a filosofia não faz juízos de realidade, como a ciência, mas juízos de valor. O filósofo parte da experiência vivida, não se vê apenas como se é, mas como se deveria ser.

 

A questão da Verdade

 

Comecemos distinguindo verdade e realidade. Na linguagem cotidiana, confundimos estes conceitos. Se nos referimos a um colar, a um quadro, a um dente, só podemos afirmar que são reais e não verdadeiros ou falsos. Para o filósofo Descartes, o critério da verdade é a evidência. Evidente é toda idéia clara e distinta, que se impõe imediatamente e por si só ao espírito. Trata-se de uma evidência resultante da intuição intelectual. Para Nietzsche é verdadeiro tudo o que contribui para fomentar a vida da espécie e falso tudo o que é um obstáculo ao seu desenvolvimento.  A verdade pode ainda ser entendida como resultado do consenso, enquanto conjunto de crenças aceitas pelos indivíduos em um determinado tempo e lugar e que os ajuda a compreender o real e agir sobre ele. É difícil e complexa a discussão a respeito dos critérios da verdade, mesmo porque são diferentes as posturas que temos diante do real quando dispomos a compreendê-lo.  O importante é entendermos que ninguém possui a verdade absoluta, pois tudo depende do ponto de vista que se tome. Como dizia Saint-Éxupery "A verdade para o homem é o que faz dele um homem".

 

O Empirismo

 

Recebe esta denominação a corrente de pensamento que procura fundar todo conhecimento na noção de experiência. Deriva da palavra grega empeiría, experiência. Em sentido amplo, pode-se compreender o empirismo como uma tendência de interpretação da realidade e do conhecimento. Os principais representantes do empirismo moderno são Francis Bacon, Hobbes, Locke, Berkeley e Hume. O empirismo inglês caracteriza-se por possuir aspectos, a um só tempo, gnosiológicos e metafísicos: admite que o conhecimento radica na noção de experiência, afirmando, simultaneamente, ser a experiência o modo como se constitui a realidade mesma.

Freqüentemente, os empiristas associam a noção de experiência unicamente aos dados fornecidos pelos sentidos. Desta forma, a tal compreensão corresponde, freqüentemente, uma compreensão materialista da realidade, embora nem todo empirismo gnosiológico conduza, necessariamente, a tal posição Metafísica.

 

 Racionalismo

 

Em sentido geral, este termo designa o modo de pensamento que busca na razão o fundamento de um conhecimento seguro da realidade, ou sua inteligibilidade essencial. Este termo é formado a partir da palavra latina ratio, que significa cálculo, conta, ordem, método, raciocínio. É possível, neste sentido geral, distinguir entre racionalismo gnosiológico e metafísico. O primeiro afirma ser a razão a faculdade na qual radica todo conhecimento e certeza. O segundo afirma a racionalidade intrínseca à realidade, baseado em um pensamento que postula a identidade essencial entre ser e pensar, que torna todo existente redutível a leis racionais. O racionalismo somente atinge seu pleno desenvolvimento na Modernidade. Neste período da história da filosofia, que possui como característica principal à necessidade de colocação de um método seguro de busca de certeza elege-se a razão, compreendida enquanto faculdade autônoma e abstrata que procede dedutivamente, como critério exclusivo de verdade.

 

 

Dogmatismo e Ceticismo

 

É possível conhecer a verdade? Para tal pergunta, há duas respostas radicais: o ceticismo, que afirma a impossibilidade o de se conhecer a verdade, e o dogmatismo, que diz o contrário.  Podemos definir ceticismo com a doutrina segundo a qual o espírito humano não pode conhecer com certeza; e conclui pela suspensão do juízo e pela dúvida permanente.  Para os céticos, o conhecimento verdadeiro, certo e definitivo sobre algo pode ser buscado. No entanto, jamais será atingido. Podemos definir como dogmatismo toda atitude de conhecimento que consiste em acreditar estar de posse da certeza o da verdade antes de fazer a crítica da faculdade de conhecer. Contrariamente ao ceticismo, o dogmatismo defende a existência de verdades absolutas e indiscutíveis. Dessa forma, a adesão incondicional a princípios tidos como um irrefutáveis, bem como a imposição de doutrinas não comprovadas de modo algum, são traços característicos aqueles que aderem ao dogmatismo. O ceticismo e o dogmatismo, embora sejam posturas antagônicas, compartilham uma visão imobilista do mundo: ou dogmatismo atingiu uma certeza e nela permanece, o ceticismo anseia pela certeza e decide que ela é inalcançável.

 

 

 

 

RESPONDER (1º ANO)

 

ATD – TIPO – 2 (NÚCLEO ESPECÍFICO)



Leitura e Análise de Texto:

 

1 – De acordo com os Textos, o que significa reflexão crítica?

2 – O que é uma atitude filosófica? Exemplo.

3 – Explique à importância do olhar filosófico na construção do conhecimento (epistemologia).

4 – Quais são as caracteristicas da Indagação Filosófica?

5 – Explique à relação Filosofia e Ciência, do ponto de vista epistemológico e quais os motivos do cisma entre ambas.

6 – Defina Epirismo e quais os filósofos responsáveis. (?)

7 – Como se fortaleceu o Racionalismo e quais os espaços conquistados na História da Filosofia?

8 – Como é possível conhecer à verdadeira natureza da verdade? Explique o antagonismo entre Dogmatismo e Ceticismo.

 

 

 


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